LEMBRANÇAS DO PASSADO - Capítulo II

CARO(A) LEITOR(A), ESTE CONTO É ESCRITO EM CAPÍTULOS. PARA ENTENDER A HISTÓRIA SUGIRO QUE LEIA O CAPÍTULO I. UM ABRAÇO. MARIA LÚCIA.

O tempo passava, eu crescia, meu pai sempre muito influente na política.

Havia passado já três anos que mamãe morreu, quando um dia papai chegou para mim e falou:

- Querida! Papai tem uma coisa muito importante para falar com você. Eu acho que você é muito pequena, mas poderá me enteder. Papai vai arrumar uma mamãe para você...

- Arrumar uma mãe para mim? - falei espantada.

- Sim, filhinha, papai vai se casar novamente, um homem político igual a mim não pode ficar sozinho por muito tempo, procure entender, meu amor!

- Está bem, papai. Tudo bem, mas mãe que eu conheci é tia Júlia.

Sai da sala e logo em seguida ouvi tia Júlia conversando com papai.

- O que você está tentando a menina entender, Oscar? Você está tentando dizer que vai casar-se com a Maria Araújo?

- Estou sim e que mal há nisto? Eu já vivo com ela há quase seis anos, acho que chegou a hora de regularizar minha situação com ela.

- Não! Mano, escolhe outra mulher para você se casar, a Maria Araújo não presta! Ela é muito vulgar, não é mulher para um homem público como você.

- Júlia, minha irmã, eu gosto muitíssimo de você, mas te faço um pedido, não interfira em minha vida, eu sou homem, eu necessito de uma companheira.

- Tudo bem, mano, então continue como você fazia sempre, conviva com ela longe de sua casa e principalmente longe de Oscarina. - tia Júlia falou soluçando.

- Minha querida mana, eu tenho até pena de você. Você está com medo que Oscarina passe a gostar mais de Maria do que de você? Pode deixar, eu acho que Oscarina se apegou muito a você. Você vai ver, vai dar tudo certo!

Eu escutei tudo e fui para o meu quarto brincar com a minha bonequinha Lili, não sei porque, mas quando estava triste me consolava com ela. Nisto entrou tia Júlia:

- Meu amor! Como eu te amo! - tia Júlia me abraçava como se fosse me deixar.

- Não se preocupe, tia Júlia, por nada neste mundo eu deixarei de te amar. Não existe ninguém que possa tirá-la de mim.

Ficamos ali, abraçadas por muito tempo.

Não sei porque, mas eu era uma criança adulta prematuramente. Não tinha amiguinhas, não brincava. O único brinquedo que me atraía era a bonequinha Lili que era muito mimosinha, cuidadosamente feita de pano, por minha mãezinha, seus olhos, sombrancelhas e a boca eram bordados, os olhos azuis e a boca vermelhinha. Meu pai sempre dizia que se parecia com minha mãe. Por muitas e muitas vezes me colocava no colo e me dizia:

- Sua mãe, filhinha, era linda! Tinha os cabelos castanhos claros e longos, os olhos muito azuis, a boca muito bem feita e vermelhinha, a pele cor-de-rosa. Sabe com quem ela se parecia muito? Com a bonequinha Lili. Parece que ela a fez olhando no espelho!

Sempre depois que me falava, ele saia e ia para o seu quarto mexer em suas roupas, suas jóias.

Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles
Enviado por Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles em 12/09/2006
Reeditado em 26/09/2006
Código do texto: T238478