MINHOCAS GERERENCES

Imagine

BR – 116

Rodovia Presidente Dutra

A Via Dutra

Plantão de vinte e quatro horas

Três guaritas com sete pessoas cada

As guaritas são como os pedágios

Cabines de Fiscalização

Substituição Tributária

ICMS

Verificar Nota Fiscal de carga de caminhão

Conferir o destinatário

Ver se paga o devido imposto

Simplificando

CARIMBAR NOTA!

Das sete pessoas de cada cabine, quatro mulheres.

Três cabines

Doze mulheres por plantão

A cidade

Itatiaia

Em frente ao Parque Nacional

Às Agulhas Negras

Nesse misto de analfabetos existenciais em caminhões de fumaça enfileirados esperando a vez de passar com seus barulhentos infernais pelas cabines de Fiscalização, a vista do Parque Nacional é a salvação.

Visconde de Mauá

warum nicht

Depois de trabalhar no estilo Modern Times, de Charlie Chaplin, vinte quatro horas seguidas carimbando notas e respirando monóxido de carbono...

Vem...

O Paraíso!

Setenta e duas horas pra curtir o bem querer

Sim

Entre um plantão e outro

Tínhamos merecido três dias de descanso

Muitas vezes fui gozá-los em Visconde de Mauá

Dia

Maconha

Poção

Escorrega

Santa Clara

Noite

Maromba

Cerveja

Sinuca

Buceta

Eu e Marcelo éramos os únicos de fora da região

Dos vinte um plantonistas nas guaritas

Éramos os dois cariocas

Todo grau pejorativo

Cariocas Clássicos!

Rapidamente conheci Gererê

Gererê é uma cidade que margeia a Via Dutra

Cidade da região

Pra mim, Gererê é região!

Bem como

Resende

Volta Redonda

Penedo

Itatiaia

É óbvio!

Pra Sra. Geografia, solenemente, Gererê é corretamente e tão somente uma cidade da região.

Respeito a Sra. Geografia!

Enfim

Gererê! Uma praça! Duas ruas!

Em Gererê conheci Alessandra

Nesta vez, estávamos eu, Marcelo, Oiran e Henrique.

Bebíamos, jogando sinuca na birosca de uma das duas únicas ruas da cidade.

Marcelo e Oiran já eram habitués com Gererê e suas minhocas dadeiras

Falavam-me farras vívidas com promíscuas minhocas Gererences

Chegaram Carol e Lúcia

Minhocas peguetes de Marcelo e Oiran

Henrique e eu dávamos nossas tacadas

Eu acreditando em ter ido pra Mauá

Nossa Amesterdan das montanhas

Ideia muito melhor

Sobre Gererê pensava oposto

Cidade o mais provinciana possível

Moralismo exacerbado

Castu

Beatas e crentes

Mulheres com cabelos esticados para trás

Vestidas de longos rendados

Bíblias de ternos beges

Fui fumar um baseado na praça

Ao voltar à birosca, deparei com uma morena de vestido marrom.

Deliciosa!

Bunda de marquinha ínfima, desenhada no pano do vestido.

Um generoso par de seios servido à meia-taça

Passei a frente dela e disse: - Você não vai a lugar nenhum!

Minha sorte

Carol e Lúcia vieram na cobertura

Carol convidou sua conhecida morena a se apresentar

Alessandra!

Nome de linda morena

Pensei

O nome da bunda

Alessandra vinha do colégio, disse não poder ficar por causa do horário, chegando a casa depois das dez da noite, apanhava do pai.

Era melhor ter ido pra Mauá!

Alessandra olhando-me os olhos com cara de crente lasciva e voz tremulamente nervosa, diz de supetão: - Vou esperar todos dormirem lá em casa, pulo a janela, e venho te encontrar.

Pensei

Trêmula, mente!

Essa não volta mais

Entre beijos e sagradas sarradas em Carol, Marcelo dava suas tacadas.

Lúcia com Oiran não eram diferentes

Henrique, o mais bêbado.

Mesmo eu, sabendo não ser provável a volta de bela morena, não tirava meu olhar do relógio.

Vai saber...

Era uma e trinta da madrugada, em Gererê, quando Alessandra surgiu na porta da birosca com o mesmo vestido marrom. Muito gostosa!

Não quis entrar, com certeza conhecia o dono da birosca, o Seu Manel.

A essa altura, eu já conhecia o Seu Manel.

Ele, o meu dinheiro.

Alessandra falou-me: - Vamos embora daqui, eu tenho de voltar logo pra casa.

Pedi o carro pro Henrique, atônito jogou as chaves pra mim.

Entramos no carro e partimos

Seguimos por uma estrada de terra, na qual ela me direcionava por entre os bem abastados pastos burgueses.

Bendita Sra. Geografia!

Parei o carro no meio do nada

Saímos

Nada mais

Iluminados pela lua cheia

Beijamos

Ela foi botando meu pau pra fora

Chupou ávida por minha porra

Rapidamente gozei em sua boca sedenta

Ela engoliu e levantou

Meu pau não abaixou

Passei a mão em seu rabo

Ela perguntou-me: - E no cu não vai?

A virei contra o carro

Levantei a parte de baixo do vestido

Cheguei a calcinha pro lado

Meti em seu cu

Ela gritava

Rebolava

Obscena

Com poucas estocadas enchi-lhe o cu de porra

Ela se ajeitou dizendo: - Me leve daqui.

No carro, ela apontava o caminho a seguir.

Perto do nada mandou parar

Parei!

Ela me deu um beijo na boca e me disse: - Daqui eu vou andando, não quero que meu pai acorde.

Saiu do carro e andando em direção a lugar nenhum, sumiu.

Voltei pra birosca feliz da vida por ter comido tão maravilhoso cu

Chegando lá, Marcelo, Carol, Oiran, Lúcia e Henrique me esperavam sentados na calçada.

Birosca fechada

Dormimos na casa do tio da Carol, ele estava viajando e ela nos alojou lá.

Lúcia e Carol foram andando pra casa depois de misturarem suas libidos com as de Oiran e Marcelo, no mesmo quarto.

Será que fizeram um troca-troca?

Não importa

Henrique quis saber da minha aventura: - Caralho, a mulher que você pegou era sensacional!

Marcelo e Oiran berravam do quarto

Oiran: - Vai se foder seu sortudo filho de uma puta!

Marcelo: - A mulher mais gostosa da região com certeza!

Conta aí, eles pediam.

Falei: - Comi o cu, só digo isso, gozei no cuzinho dela. Delícia de rabo.

Um a um eles me invejaram

Fomos dormir, eu com ar de Deus, eles imaginando minha Deusa anal.

Dia seguinte

Dia de Plantão Fiscal

Acordei com os três me olhando

Marcelo dizia: - Cara, deu merda, o pai dela descobriu e enfiou a porrada nela.

Virei pro lado tentando voltar a dormir

Henrique falou: - Cara, é serio, fui comprar pão e a encontrei toda roxa, ela tava chorando.

Sentei na cama rindo: - Vocês acham que vou acreditar nessa historia tola, fala sério, vocês a ouviram falando ontem sobre a fuga e ficam querendo me assustar. Inveja é uma merda! Vou tomar banho pra irmos trabalhar.

Tocou a campainha

Oiran foi abrir a porta

Entra a Carol, olhando pra mim e bufando: - O pai da Alessandra bateu nela, ele tá vindo pra cá com uma peixeira, tá dizendo que vai matar o loirinho que deflorou a filha dele.

Depois de ouvir essas palavras da boca de Carol, acreditei!

Toca a campainha

De novo

Incessantemente

Oiran vai ver quem é

Volta cuspindo palavras: - É ele, só pode ser ele, um negro com uma peixeira na porta. É claro que é o pai da Alessandra.

Acreditando piamente no circo armado, peço ajuda: - E agora o que eu faço?

Oiran - Eu vou lá dizer que você já foi embora.

Marcelo - Cara, entra na mala do carro e vamos embora daqui.

Henrique - Eu vou encostar o carro perto da porta da cozinha e você entra na mala.

Pensei: “Na mala, não entro de jeito nenhum!”

Entrei!!!

Dentro da mala vejo, a tampa descendo em minha direção, ocultando toda luz.

Escuridão!

Escuto as vozes sem saber ao certo de quem são

Escuto as portas do carro batendo

Escuto o motor

O carro começa a andar

Fico sacudindo na mala

Pânico!

Começo a gritar

Claustrofobia!

Começo a bater na tampa da mala

Grito: - Eu encaro o cara, eu encaro. Tirem-me daqui, por favor, agora!

Nada!

O carro continua sacolejando

Começo a suar frio

O tempo passa

Muito tempo

Começo a chutar o fundo do carro, o banco de traz.

Meus amigos não param

Fico fora de mim

Apavorado!

O carro para

O motor desliga

Escuto risadas

A tampa abre

Um flash

Vejo Henrique com uma máquina fotográfica na mão

Eu, dentro da mala.

Muitas pessoas me olhando

Rindo

Pessoas do meu Plantão Fiscal

Meu trabalho!

Marcelo e Oiran riem adoidados

Entendo

Saio da mala

Puto!

Mando todos tomarem no cu

Saio andando pra bem longe

Continuo ouvindo gargalhada

É!

Pegaram-me direitinho

Caí como um patinho

Tudo bem

Tudo bem porra nenhuma!

Hoje... Tudo bem... Pode ser...

No dia, demorei a digerir.

Agora beleza

São todos meus amigos

Grandes amigos

Afinal de contas

Se você sobreviver aos seus amigos, sobreviverá a tudo.

Pablo Treuffar