JOÃO GABRIEL VAI À ESCOLA - II

A sirene soou estridente, e o tumulto no corredor começou. Crianças, adolescentes e professores andavam rapidamente rumo a seus respectivos destinos. A fila do barzinho estava repleta, e João Gabriel sentou-se no muro próximo à quadra de esportes. Bem perto, estava a turma da Aninha, com suas inseparáveis amigas: Paula, Luana e Flaviana. Curiosamente, todas elas tinham facilidade em matemática e física. Será que estudavam juntas? Será que uma ou duas sabiam bem o conteúdo e "passavam cola" pras outras? Para João Gabriel, a Fórmula de Bháskara, as equações de 1° e 2° Graus também não eram problemas. Problema mesmo era a timidez, a dificuldade de "aparecer". Nos trabalhos em grupo, ficar na frente da turma era um suplício. As amigas da Aninha falavam cada vez mais alto, e João Gabriel viu quando Ana Clara se aproximou do grupo. A algazarra aumentou, e ela se virou e o fitou nos olhos. João Gabriel não conseguiu desviar o olhar, nem percebeu que a conversa entre elas havia diminuído. Então ela sorriu, um sorriso alvo e transparente, límpido, e João Gabriel entendeu, enfim, a verdade: ela o havia conquistado. O sorriso nasceu leve no seu rosto, maroto, enquanto a fitava, a vida agora pulsando mais forte, as cores agora mais vivas, e a escola parecia silenciosa. Então, o sinal bateu, estridente, chamando todo mundo de volta.