DIA SEGUINTE

Na academia

-E aí “garota”? Como foi a sua festa de trinta e oito anos de casamento?

-Ma-ra-vi-lho-sa, colegas!

A nossa netinha de quatro anos, Maria Eduarda, perguntou à mãe dela se eu ia à missa de vestido de noiva.

-E as meninas se comportaram bem, na igreja?

-Duda, graças a Deus, dormiu na hora da homilia, no colo da sua madrinha, mas as outras duas pegaram fogo.

Melina, a caçulinha, está muito dengosa depois que o seu pai foi trabalhar em Belo Horizonte e chorou a missa todinha. Isadora não sossegou no banco.

No final, padre Pedro Camilo chamou os aniversariantes, como de costume, e nos abençoou.

-E daí?

-Então, pessoal, sem saber como e porque, agarrei o José e tasquei-lhe um beijo na boca.

-Na frente de todo mundo?

-Pior que foi.

Eu mesma me assustei com o óóóóóóóó do sacerdote e o aplauso da assembléia.

-Você deu um selinho no “Zenequine”, não é?

-Claro que não.

-Gente, então foi um beijo técnico.

-Nada disso, galera. Foi um beijo de amor.

-Huuuuuummm... Pelo visto, ontem vocês aumentaram a prole.

-Infelizmente, não.

-Por quê, “garota”?

-Porque eu não estava no meu período fértil.