Carmem chegara na estação de trem, e pediu um quarto em hotel da cidade. Queria um quarto confortável, mas não muito caro, pois naquela época estava lhe faltando dinheiro. Sua visita a cidade era somente para tratar um problema de saúde, que talvez não tivesse cura. Carmem pegou o bonde e dirigiu-se ao hotel, onde seu quarto estava reservado.  Cansada da viagem, Carmem pediu a camareira um copo d’água e foi direto para o seu quarto tentar dormir.
     Logo a noite chegou, Carmem ainda acordada, escrevia uma carta à sua mãe e contava da viagem e de seu quarto no hotel, simplesmente descrevia: Que se resumia a uma cama rústica, uma cômoda escura, talvez de jacarandá, sobre esta um jarro de flores artificiais. O quarto era todo revestido de um papel róseo que lembrava veludo.
Numa pequena ante-sala contígua, uma mesa redonda, decorada por um caminho de crochê vermelho. Sob a mesa deixou suas sandálias surradas, porém resistentes por serem de couro.
    Uma atmosfera de desesperança contaminava o início da noitinha, mas Carmem buscava superar tal sentimento por uma certeza de fé. Aflita com a consulta marcada para o outro dia, dorme. Ela não sabia, mas tuberculosa, já não lhe restava mais vida. Ela morria, somente lembrava da sensação de estar num quarto de hotel. Um quarto sem saída.