O BURACO DA ISAURA

Do lote de minha casa onde moro 40 anos desde que a comprei tem um buraco por onde passa toda água pluvial, isto é água da chuva, por baixa do imóvel da casa da Isaura.

Eis se não quando desde que a comprei e por ser uma construção antiga houve um acidente na tubulação. Havia no meu quintal um barracão e após demoli-lo há uns vinte anos atrás não percebi a existência de uma fossa. Ela fora ligada a rede de esgoto com manilha de barro, muito usado no meado do século passado. Certo dia não sei como ou porque o duto da fossa passou a receber água pluvial e passou a enviar para a rede do BURACO DA ISAURA, água de esgoto.

Depois de receber a reclamação pedi licença e fui localizar como se dera tal acidente. Passei dez dias tentando para achar e reparar o defeito. Quebrei piso, furei buraco.

Quando tudo ficou pronto fui pedir para que ela abrisse o buraco que ela fechou por livre vontade.

Então ela falou que eu não tinha autorização de passar minha água pluvial por baixo de seu imóvel

E que ela não ia mais permitir tal procedimento.

Até o defunto marido dela entrou na briga. Ela me havia dito que era viúva então o marido vivo apareceu para questionar. Ele é um daqueles fazendeiro rico e ignorante. Me falara antes se não resolvesse o problema em dois dias traria um trator da fazenda e retirarei meus canos num puxada só.

Acima dos homens existe a lei.

Fiz conhecer o Direito de Servidão, perpétuo, inalienável e intransferível...

Por baixo do meu lote não vai passar nenhum buraco.

- Ô dona Isaura abre o buraco para mim...

- Não abro e juiz de direito nenhum consegue me consegue me fazer de opinião...

- Não é que a ação de servidão caiu na mão de uma juíza? Quero ver quando ela de duas varas der a sentença o que é que dona Isaura vai fazer?

Com duas varas ela vai ter que abrir o buraco.

Desculpem-me a cacofonia e leia-se no lugar de 2 varas 2ª> Vara...

Goiânia, 21 de agosto de 2010.