O Cão e o Cantor
O CÃO E O CANTOR
(Lázaro Faleiro)
De cognome mais que correlato, exato no trato de todas as letras; o cão e o cantor, na convergência e conveniência de viver a vida com vivacidade, vigor e muito amor; às vezes vestuta, venturosa na virtude musical, outras vezes vil, vadia, volumosa no vício e vazia no sem sentido do mal.
O cão e o cantor, cada qual com seu valor.
O cão, carinhoso capucho de lã, na vã ostentação e atração de bichinho de estimação, desde a mais tenra idade, inflando-se em vaidade no desfilar e no dar-se em portentosa pose, atitude de artista, cão-cavalheiro, manequim, modelo; porém, na porfia de cada dia, quebra posição e postura de finura, no querer e no fazer-se encrenqueiro, rusguento, reliento, ranzinza, birrento, baderneiro, brigão; verve e vezo de verdadeiro cão!
O cão e o cantor, cada qual com seu valor.
O cantor com sua verve de artista, musicista, condutor, eterno contestador, criativo, intempestivo, brigão; laborioso, valoroso, criador de canções que conduzem multidões; aplaudido, amado, estimado de todos; querido, idolatrado pela juventude que, amiúde, em seu afã de ser seu fã, teima em tê-lo como modelo; porém, na parlenda e na porfia do dia-a-dia, o cantor se esvaía no vício, misturando-se a más companhias, se drogava, se matava, se prostituía, até que a AIDS o levou um dia.
Findo o artista, fica a lenda, o legado, a marca do amor que não acabou.
O cão caiu doente, definhou, morreu de câncer; capaz que agora caminha com encanto e graça pelo céu dos santos a desfilar elegante, triunfante, sem fardo nem enfermidade, por toda a eternidade; o cantor, quite com sua conta com os céus, na euforia da alforria de toda crença e doença, põe-se todo dia a cantar,com exclusividade, para um Deus que é só bondade!
O cão e o cantor – um mesmo nome com o sobrenome dor; uma história de vida e muito amor!
Iporá, 25 de março de 2.010
lazarofaleiro@hotmail.com