Metáforas da vida

A passos largos por ruas estreitas via gente, carros, semáforos, transeuntes que por mim passavam... como quem na vida passa e de nada acrescenta neste ir e vir do cotidiano coletivo. De repente em umas dessas ruas onde o sol jogava feixe de seus raios para um lado, sombreando a outra face do quarteirão, nasceu no tão sutil e fugaz encontro de um olhar a mais tenra e repentina amizade. Nunca poderia imaginar que o simples passar por uma pessoa se refizesse em segundos como uma espécie de retrocesso ao tempo na busca de algo comum e perdido, talvez as várias outras formas de linguagem não as expressariam com tanta proeza e magia sua essência, a menos que um olhar obtuso a denunciasse.

Não sei se chamaria este momento tão carregado de emoção de ínfimo ou descontínuo, mas apenas pude decifrá-lo como minutos de genialidade que a vida me presenteara naquela tarde se sexta-feira. Foi aí que circunscrevemos nosso diálogo na imprevisibilidade daquele momento, onde o mesmo girava com a velocidade de um planeta transitável em qualquer órbita do espaço sideral... em busca do seu verdadeiro lugar no universo.

Fragmentos... fragmentos do tempo... poderia chamá-los do que quer que fosse: “Viagem cósmica ou astral... “ mas só sei que uma pequena fagulha do nosso altruísmo permitiu-nos esta aproximação de sintonia e harmonização entre nós, seres antes tão distintos e peculiares em nossa efêmera natureza de existir, porém agora movidos pelo desejo de eternizar aqueles instantes.

Caminhamos a partir deste encontro numa única direção, falando sobre trabalho, faculdades, dentre outros assuntos... toda conversa transcorreu em uma corrida desenfreada na tentativa de descobrirmos nossas verdadeiras identidades, marcadas por tão peculiares histórias de vida. Histórias essas, contadas como nos últimos capítulos de uma novela... ou quem sabe!!! Aquele cenário apenas começara!!!

Em mais um pedacinho de tempo que nos restou, ficamos estrategicamente próximos a uma parada de ônibus e passamos a depurar um pouco mais de nossas idéias até que fomos surpreendidos pelo tempo que passara apontando para a retomada ao rumo inicial do nosso encontro... agora, simplesmente motivados pelas metáforas que a vida nos possibilitara criar para somente poder refleti-las:

“Semente que caiu em terra fértil e logo germinara... a águia que aprendera a voar além do infinito... a fé grandiosa do pequeno grão de mostarda que movera montanhas...”

Enfim, saí daquele encontro transformado com o toque suave de uma mão amiga... como dom maior da fraternidade, onde valeria mais que um abrigo e mais que o próprio pão... Isto sim, até hoje se faz melodia e realidade para além das metáforas daquela tarde ensolarada.

(Narrativa alusiva ao conhecimento de uma pessoa amiga em 30 de Junho de 2004)

Sueudo Rodrigues
Enviado por Sueudo Rodrigues em 25/09/2006
Código do texto: T249137