Sobre certas dores

(Se eu fosse você, leria este conto ouvindo Paranoid (1970) do Black Sabbath)

Dor dos infernos! Abro os olhos, no primeiro momento não sei bem onde estou, mas olhando ao redor eu nem precisaria ser muito esperto para notar que se trata de um hospital; aparelhos que fazem um barulho constante e irritante, o que nos faz pensar se isto realmente pode salvar a vida de alguém, ar pesado que carrega muita dor, muito choro, muita perda, aquele ar de lugares que ninguém deseja estar presente, nenhum sorriso se ouve, e as passadas rápidas e angustiadas nos corredores não me enganam... E sendo um pouco esperto, e às vezes costumo ser um pouco, noto que é na verdade um hospital da rede pública, pois tudo, da velha cama que insiste em ranger, passando pelas macas nos corredores com pessoas gemendo, ao suporte enferrujado do soro, tudo tem um ar de licitação dos anos 80, a linda enfermeira de cabelo cor de fogo, com cara de que a tempos não vê um aumento de salário, e a sofrida cara dos pacientes nos corredores também não nega... Estou mesmo em um hospital da rede pública!

Estar em um hospital em tempos de conflito é difícil, mesmo que o conflito seja em terras distantes, muito distantes, as dores da guerra acabam respingando por aqui, e ela sempre se faz presente em nosso dia-a-dia. Quantos jovens que lutam uma guerra que nunca foi deles estão por estes quartos? Quantos braços foram retirados para que houvesse vida além das bombas e granadas que arrancam sempre partes que damos valor quando ela não esta mais por lá? Bem, digo isso teoricamente, pois nunca perdi nem uma parte do meu corpo, nem as amídalas tive coragem de tirar, e também não sei se elas me fariam alguma falta. Vejo um senhor da reserva todo uniformizado, daqueles senhores que de tão convictos com as causas atuais e passadas nem ousa sorrir, e ele está chorando, chorando como uma criança esfomeada – tem coisa pior do que um choro de criança esfomeada? Nem o rugido de uma Stratocaster mal tocada por estes ditos roqueiros de ocasião é pior! Será que perdeu seu filho? Quanta dor ele deve estar sentindo, e se foi o grande incentivador para que o filho que agora se foi pegasse naquela arma e lutasse aquela guerra?

Chega uma comida meia-boca, uma carne em cubos com uns legumes indecifráveis, um suco que mais parece resto de algo, e gelatina verde, porra, gelatina verde é o tipo de sobremesa feita para ser servida em hospitais públicos. Engulo tudo sem muitos devaneios gastronômicos, puta fome! Tudo bem, estou acostumado com aquele comercial com dois ovos do boteco do Carlito, que pago 7 contos e que sempre chega meio frio, e portanto, não tenho mesmo muito do que reclamar, preciso me lembrar que estou em um hospital público! O que eu poderia esperar? Uma picanha mal passada com alho?

Ao meu lado uma senhora que não fala muito, operou do estômago, e esta lá a uns 15 dias, já conhece todos pelo nome, e me avisa que o rango de hoje é um dos melhores que servem por lá, putz, espero não ficar por muito tempo neste hospital! Ela tem uma crise, muita dor, e quando as enfermeiras entram, eu na mesma hora tenho uma dor dos infernos, e eles não sabem direito quem atender primeiro... Levam a mulher que estava ao meu lado e ela não volta mais, e ninguém me disse nada a respeito. Espero que ela esteja bem.

Do meu outro lado um jovem de vinte e poucos anos, me conta que chega de terras estrangeiras, deu sorte de perder só a visão de um olho e conflito. Porra, puta sorte mesmo! Acho que não terá mais visão periférica, visão que só sentimos necessidade na hora de cabecear a bola vindo de um escanteio ou notar um rebolado de forma disfarçada. Mas está feliz porque voltou inteiro, nem um arranhão no rosto, o que provavelmente afastaria as milhares de garotas que estão por ai, o esperando. Cara legal, sem muito a dizer, imaginando que aquela guerra foi a pior que poderia enfrentar... Se ele soubesse que as piores guerras estão por vir, se soubesse que estas, ele vai enfrentar no seu intimo! Se ele soubesse que a cicatriz que ele comemora não ter vai surgir tantas vezes na sua alma... Mas, cara legal, cheio de vida, perto dele não sinto a tal dor dos infernos!

Não me lembro porque estou aqui, sei que gosto de hardcore, cinema francês, usar um tênis surrado, vilões de histórias em quadrinhos e um bom destilado, mas não sei porque a necessidade de um eletroencefalograma que a enfermeira com cabelo cor de fogo me avisa que será feito logo mais! Ela me conta, de forma doce, que sofri um acidente com a minha 500CC em uma avenida, mas não me lembro disto, apenas saindo com a motocicleta hoje de manhã daquele hotel barato que estou morando, nada mais! Nossa, como eu queria segurar forte naquele cabelo ruivo, só consigo pensar nisso enquanto ela me explica o acidente!

O tal exame é meio estranho, colocam uns fios na minha cabeça com uma massa meio gelada, ficam monitorando algo, mas não dizem o que e pedem pra você relaxar e não pensar em nada! Alguém consegue não pensar em nada? Fiquei o tempo todo pensando nisso, será que é possível não pensar em nada, alguém consegue? Mas pensar em não pensar em nada já não é um pensamento e uma contradição em si! E relaxar? Porra, quem pode relaxar cheio de fios no corpo? Acho que é sarcasmo deles... Quando termina o exame a enfermeira de formas absurdas fica resmungando do salário, mas esta eu já sabia, hospital da rede pública é o que é!

Estranha sensação, toda hora me vem uma certa dor, mas uma dor que parece vir de fora pra dentro, que começa no pescoço, vai até as espinhas, uma dor aguda, mas sei que inevitável, então tento me acostumar com ela... Dor dos infernos!

No final do dia sou liberado, parece que o tal eletroencefalograma não deu nada, e no corredor daquele hospital vejo um senhor, com idade de quem assistiu a final daquele derby histórico onde o Timão meteu de 5 nos anos 60, sofrendo, quase sem ar, quando me olha e dá seu último suspiro, bem neste momento sinto aquela mesma dor que começa no pescoço!

Saindo do hospital a dor alivia, parece até sumir, pois enquanto eu estive lá era constante, as vezes mais leve, mas constante. Ainda não consigo me lembrar muito bem do que aconteceu no acidente, mas como me lembro de todo o resto, paro no primeiro bar que vejo, nossa, como sou agradecido por sempre existir uma esquina e nela um bar, bares são como um confessionário, você pode chegar, falar o que quiser para um desconhecido que por alguma estranha razão vai te ouvir com toda a atenção devida, tomas uns goles como penitência e vai embora mais aliviado, cambaleante, mas aliviado, e com a vantagem de não precisar de aves marias.

Este bar é um daqueles clássicos, com balcão alaranjado, uma velha mesa de sinuca, aquele pôster manjado da seleção de 70, umas conservar que só os fortes conseguem encarar, e sempre um rosto atrás do balcão que te faz imaginar que pode virar um grande amigo de biritas... Tomo um destilado, e ao meu lado surge um operário se arrastando, já calejado, com uma tosse aguda, troca algumas palavras sobre as moças que passam na rua, e ele em um gole manda pra dentro sua cachaça e vai embora. O dono do bar comenta que o velho operário era seu cliente a umas 3 décadas, já deve ter deixado dinheiro para uns 3 carrões que ele teve, e que era uma pena, mas aquela tuberculose que trouxe a tosse que não passava estava levando sua vida, e ele não tinha mais muitos dias, quem sabe muitas horas! O dono do bar comenta que seria mais difícil ter novos carrões! Neste momento, a mesma dor inevitável chegou, mas desta vez um pouco mais amena.

Ao lado do bar uma destas livrarias gigantes, enormes, que passaríamos fácil o dia! Entro para procurar a biografia daquele velho roqueiro, um dos inventores da coisa toda, que dizem ser surpreendentemente uma boa leitura. Livrarias são locais interessantes, logo de cara você saca quem entende o espírito da coisa e quem está ali apenas procurando alguma coisa de ocasião. Ao meu lado um senhor todo engravatado e de olhar superior, procurando alguns livros de como liderar equipes ou coisa do tipo, este cara é daqueles que tem prazer em olhar de cima para baixo, de como é bom para ele ter subalternos, de como ele se orgulha de lucrar com o suor alheio, de como ele é feliz acordando um dia de mal humor e poder reverte-lo demitindo algum proletário.

Vejo também uma garota na seção de auto-ajuda, e confesso ficar um tanto decepcionado, garota que me parece bacana, um estilo original, olhar de quem é e sabe que é diferente de muitos, na seção de auto-ajuda? Ela esta de passagem e para em frente aos livros de uns poetas marginais, que alívio, minha esperança na humanidade esta renovada, mas não muito, não me iludo por muito tempo!

Nos olhamos algumas vezes, olhar cúmplice, olhar de quem sabe que dali sairia coisa boa, mas não vou além, não vou até ela, não sei bem porque, acho que as vezes sentimos que um simples olá, um despretensioso “me passa aquele Bukowski”, sutilezas destas, poderiam mudar sua vida, mas por alguma razão resolvemos não dar este passo. Fica a lembrança sutil, fica um certo arrependimento do que poderia ter sido.

Saindo da livraria, sigo andando e me chama a atenção um destes artistas que se apresentam nas ruas, em troca de trocos, e paro uns instantes para ouvir o velho blues que saia daquele violão elétrico, boa música, bom gosto, como este artista deve estar se sentindo tendo que tocar em praça púbica em troca de trocos para pessoas que passam sem dar muita atenção, pessoas que não sabem o valor de um bom Blues do Missouri. Engraçado, pois enquanto ele manda o Blues, passam alguns cadetes distribuindo panfletos tentando explicar o inexplicável conflito em terras distantes que nosso povo se meteu. Nossa, guerra, um som ao fundo... Quem era mesmo aquele cara que tocava o hino e simulava bombas explodindo em sua guitarra? Bem, sei lá!

Quando em meio à multidão, gritos e correria, chega de forma aguda aquela mesma dor dos infernos, desta vez muito aguda, e vejo ali estirada no chão uma moça de vinte e tantos anos, esfaqueada nas entranhas, desfalecendo. Por uns segundos noto os lindos pés dela, mas porra, ela está morrendo, e eu sacando os pés, é demais até pra mim! Alguns comentam que saiu correndo com a faca na mão um cara de uns 2 metros, camisa listrada azul-grená e calça saint-tropez, putz, quem veste este tipo de calça hoje em dia? Quem, com intenção de tirar a vida de alguém se vestiria assim, não queria ser notado? Listras azul-grená?

Chego finalmente no velho hotel que ando morando, e ele me dá um paz estranha, alguns lugares improváveis dão esta paz, e adoro ficar ali na entrada do hotel, em um banco na calçada pensando em coisas da vida! Já passei horas neste banco, e começo a pensar que precisa fazer dinheiro para resgatar minha 500CC, pois provavelmente a polícia levou a motocicleta após o acidente que não me lembro, e ele está com tanta multa não paga, que preciso fazer dinheiro, pois não me vejo andando sem a minha 500CC.

Bem, vou pro meu quarto, que não é muito rico em mobília, mas, como não recebo muita gente interessada na mobília, tudo bem. Tem uma cama de solteiro que mal me comporta, e deixa meus pés para fora, uma cômoda com um calendário de uns 4 anos atrás, que sempre está no mês de outubro, e também nunca mudei, pois como dizia o velho comunista “outros outubros virão”, um quadro daquela menina chorando que dizem esconder alguns demônios e uma cadeira tão velha que nunca ousei me sentar, mas respeito estas cadeiras velhas, elas já devem ter presenciado tanta degradação e prazer humano!

Na verdade este hotel barato, que é o que pude pagar, serve mesmo para prazeres passageiros, amantes soturnos, damas da noite e viciados de plantão!

Minha porta entreaberta vê passar um junkie, que de tanto pico nem tem mais cor nos braços, deve pesar menos de 50 quilos, e quando ele passa, surge de repente a mesma dor dos infernos, um pouco leve agora, como que se falasse “estou por aqui!”.

Ela, a dama, chega! Ela sempre chega de repente, sabe que não resisto, que não dá pra segurar por muito tempo, mal trocamos palavras, pois o corpo e cheiro dela falam por si, ela me tem como se fossemos uma só pessoa, e depois do prazer vai embora, sem muito a dizer, sem ao menos um beijo na testa. Beijo na testa é a pior coisa depois de uma transa, mas melhor do que nada, com certeza é! Sinto-me um objeto já utilizado e, portanto sem muito valor de mercado. Ainda bem que não irei a leilão!

Olho pela janela, a vista dá para uma livraria especializada em HQs, e todos os dias vejo lá pelas 5 da tarde uma vendedora saindo, olhos negros, pele clara, e seios que de tão perfeitos chegam a me emocionar, o que me faria até agradecer a criação divina, caso eu fosse dado a tais crenças! Ao lado da livraria uma cafeteria cheia de estilo, onde decido ir para tomar um café com um pouco de conhaque, para a coisa ficar mais interessante!

Em meio ao café vejo um garoto descendo a rua desgovernado com a sua bicicleta vermelha, e quando desaba logo na minha frente consigo, por puro instinto, segura-lo do horrível tombo, onde certamente ele estouraria os miolos no meio fio, e nem a dor dos infernos, que neste momento voltou com força total me impediram de salvar aquela criança, que vai embora resmungando pela bicicleta toda torta. Neste exato momento a dor passa como se por decreto, ou milagre, diriam alguns!

Agora pela primeira vez entendo tudo, e me sobre um frio dos pés à cabeça, e as dores constantes no hospital, o velho morrendo no corredor, o cachaceiro do boteco, a moça com pés de anjo esfaqueada, o junkie e agora este garoto! É isso mesmo! Por alguma estranha razão, após meu acidente, que não me lembro como foi até agora, consigo sentir o fim, a morte, chegando para as pessoas ao meu redor. Para umas ela chega forte, falta pouco tempo, para outra apenas uma leve dor, sinal que tem mais um tempo, mas não muito. Por isto essa dor dos infernos!

Minha cabeça não para! Então sentirei quando minha hora chegar, posso evitar então? Salvei a vida daquele moleque na bicicleta, salvei a vida dele porra! Volto para o hotel e estou desmaiando de sono, quando ela surge novamente, nossa ela é insaciável, novamente nós dois na pequena cama como se fossemos um só, novamente o delicioso silêncio após o prazer, e mais uma vez ela se levanta e vai sem ao menos o beijo na testa. Vendo ela ir embora, vejo aquela dor dos infernos chegando de leve, e como eu queria ajuda-la, como eu queria mais, mas pensando bem, porque? Nem ao menos mereço um beijo na testa, então, vire-se com seu destino! Desmaio de sono, e quando acordo em um novo dia já chegam alguns clientes, sedentos pelo que vendo a eles, coisas que eles não podem viver sem, quando aquele mesmo junkie de menos de 50 kilos aparece, agora como meu cliente, e aparece a mesma dor, mas o que dizer a ele? Já és um cadáver insepulto.

Faço dinheiro para recuperar minha 500CC, e no ônibus que me leva ao pátio da polícia, onde esta minha motocicleta, novamente a mesma dor dos infernos. Quem estará nas últimas horas? Será aquele senhor de chapéu panamá, ou aquele cara com jeito de lenhador do sul? Espero que não seja aquela jovem sorridente com uma criança no colo, e vejo inclusive a vendedora da livraria, nossa seria um desperdício aqueles seios embaixo da terra! Mas o que posso fazer com esta dor dos infernos, se não sei de quem é chegada a hora?

Desço do ônibus e me chama a atenção alguns cartazes louvando a insana guerra lado a lado com outro cartaz de uma banda de subúrbio, destas bandas honestas com musicas de três acordes e um cara feio e desafinado nos vocais tentando se manter digna com seu som. Cada um travando a guerra que lhe cabe!

Caminhando para o pátio surge novamente a mesma dor dos infernos, e desta vez a rua esta deserta, mas surge um pobre coitado correndo desesperado, e vejo que está prestes a atravessar a rua sem olhar para nenhum lado. Consigo me jogar na frente dele antes que desse um beijo em um caminhão de toras de madeira, a dor passa, salvei mais uma vida, que sensação maravilhosa! Ele levanta-se e sai correndo desesperado sem olhar para a minha cara, porra, salvei duas vidas nestes dias e os caras saem putos!

Logo depois aparece um senhor transtornado, chorando, procurando o cara que salvei, ele me conta que o vagabundo tinha acabado de assaltar uma loja em que ele comprava cerveja com sua esposa, companheira de mais de 40 anos, e levou um tiro no peito... Ele chamava a companheira que tinha acabado de morrer e estava com ele a mais de 40 anos de “minha menina”, isto é intenso! Senti-me o pior cara do mundo, pois eu não deveria ter salvo a vida daquele bandido, e ele tinha mesmo que beijar a frente daquele caminhão! Onde li mesmo que “grandes poderes trazem...”, sei lá, não me lembro direito, será que li isto em uma peça de Hamlet? Coisa profunda, deve ter sido Hamlet mesmo!

Estou mal, talvez eu não deva influenciar na vida e morte das pessoas, mas então porque sinto tanto esta dor dos infernos?

Não tenho muito tempo pra pensar, pois o pátio esta fechando e não sou ninguém sem minha 500CC. O policial do pátio me olha meio torto, é como se soubesse das minhas atividades pouco lícitas, e fica resmungando ter que atender mais um cliente perto da hora de fechar o pátio. Qual é o horário que devemos chegar para que as pessoas não fiquem bravas porque chegamos perto da hora de fechar? Deveriam escrever um manual sobre isso! Resmunga também do trabalho que aumentou desde que começou a guerra, como se a guerra em outro continente tivesse alguma relação com acidentes de transito.

Já sobre a motocicleta, meio amassada, mas motor roncando somo sempre, ar no rosto, me desvencilhando do trânsito, sentimento de liberdade que em poucos lugares eu tenho, começo a me lembrar de tudo, me lembrar do acidente. Lembro-me como se fosse agora daquela filha na manhã do acidente me implorando pelo pai viciado, que eu não mais fornecesse o que ele tanto vinha me implorar quase todos os dias, aquela filha chorando, pelo pai viciado, degradado, sem nenhuma expectativa na vida além do prazer momentâneo que todos procurar com as coisas que forneço!

Nossa como fiquei mal com aquilo, quantos filhos se fizeram órfãos, quantas mães fiz chorar, quantas mães perderam seus filhos viciados com o que eu fornecia a eles, quantas famílias desfeitas? Lembro que subi na 500CC e sai acelerando sem pensar no dia do acidente, até que me vi naquele hospital!

Estou agora aqui, pensando nisso e acelerando, e de repente surge aquela dor dos infernos, mas agora a dor mais aguda que já senti, esta é diferente, pois vem de dentro para fora, e não tenho dúvida que se trata da minha hora, estou perto de uma curva muita acentuada e um desfiladeiro a frente, e, bem... Acho que a única coisa que posso fazer é acelerar o máximo que eu puder rumo ao desfiladeiro, quem sabe esta dor dos infernos passe de uma vez!

Fiz a curva, sou um covarde mesmo, a dor passa, mas sei que ela voltará com força total e não sei mais de quantos desfiladeiros conseguirei desviar. Dor dos infernos!

Luiz Rezende
Enviado por Luiz Rezende em 11/09/2010
Reeditado em 11/09/2010
Código do texto: T2491705
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