Qual a melhor rede: TCP ou TAUÁ?

Os Departamentos de Educação e de Computação da UFC estão promovendo o I Curso de Informática Educativa. Participam deste importante acontecimento, as mais altas autoridades do magistério estadual do interior do estado, dentre eles o tio Bel do Tauá que já nos brindou com suas prosa nesta coluna. Chegou a vez de Francisco Sueudo Rodrigues também mostrar a criatividade do nosso professor estadual. Como os fiéis leitores (leia-se Prof. Edilson Pinto dO CEFET) podem constatar, competência não falta nestes Meninos(as) da Educação (falta aumentar o salário Naspoline!!!). Vamos, então, escutar a prosa do Tio Sueudo.

Qual a melhor rede? Foi essa a dúvida surgida num momento ínfimo e descontínuo de cochilo que dei no término de uma aula sobre REDE DE COMPUTADORES na UFC.

Enquanto o professor explicava o funcionamento das redes, eu e o tio Bel, um tauaense fino entendedor das “outras redes”, tentávamos decifrar o segredo daquela terminologia sugestiva: REDES. Bem cá debaixo do meu chapéu de massa, no meu sonho preto e branco sem nenhuma interface gráfica, eu fazia da voz do professor uma digitalização de imagens, vindo por um protocolo superior ao TCP/IP. O cochilo e a conversa mole sobre redes me permitiam sentir o meu Quixadá... das grandes REDES! A imagem era da minha cachorra magra latindo e implorando pela democratização do PROVEDOR canino, na condição de usuária do quintal junto a outros cães das rendondezas. Que bagunça neste cochilo, hein!!!

Não sei quanto tempo as idéias se condensaram no meu sonho. Só lembro que uma espécie de “time-out” COMUTAVA as imagens entre um cochilo e outro. Enquanto isso, o assunto troava no meio da sala: rede pra lá, rede prá cá... essa é a melhor, etc e tal. Parecia o mercado São Sebastião (o antigo porque o novo é muito chato) em véspera de feriado.

Era uma espécie de conexão remota atazanando minha cabeça, onde eu me via ao mesmo tempo na sala de aula em Quixadá, revivendo sentimentos mais profundos. Minha mente só conectava uma ex-namorada minha, Telma Virgonete, a minha TELNET. Aí, eu resolvi simplificar de vez este LOGIN pra facilitar nossas intimidades. O sonho era inebriante... de uma lado do planeta eu enviava um PING. Do outro lado ela me respondia com um ACK... uma espécie de PASSWORD para usar a máquina (e que máquina!!). Eu sentia que aquele cochilo ia terminar EM REDE.

A voz melosa do professor era uma sonífero para o meu cochilo; ao ouvilo falar de LAN, eu associava de imediato a um tipo de travesseiro que se usava nos namoros de antigamente.

Quando se cochila meio a barulhos, parece que se escuta sussurros de todos os lados. Do meu lado esquerdo, uma menina do Iguatu falava de barra, anel, estrela. No meu associativismo inconsciente, eu visualizava reminiscências do parque Titanic na minha doce infância na Serra Azul: canoas em BARRAS, espalhas-brasas em ESTRELAS e olas em ANÉIS.

Quando o professor mostrou uma tal de rede Minhoca, fiquei a imaginar os vários fios da Coelce (antes de ser privatizada) na quermesse.

Realidade ou fantasia, aquilo que estava me acontecendo? De sobressalto, fui acordado, vendo meus colegas saírem todos em espécie de procissão, enfileirados num verdadeiro CIRCUITO VIRTUAL, enquanto eu com meus DATAGRAMAS mentais de divagações, observava o professor se aproximando da gente, com a seguinte pergunta: “Qual é a melhor rede para vocês, OSI ou TCP/IP?”. Tio Bel, caboclo versejador que não é de levar pergunta pra casa, levantou-se, e com seu jeito de rábula defensor das donzelas da Serra Grande, prontamente respondeu: “Depende do número de usuários, tio Mauro, mas eu sou mais as redes do meu Tauá que agüentam até dois casais de usuários do TCP! Eta de rede boa!!!”

Conto publicada na coluna Internet em Debate do Diário do Nordeste no ano de 1988

Francisco Sueudo Rodrigues

Aluno do Curso de Especialização em

Informática Educativa da UFC

Sueudo Rodrigues
Enviado por Sueudo Rodrigues em 26/09/2006
Reeditado em 20/10/2006
Código do texto: T249764