UM DIA ELA SERÁ UM GIRASSOL.

UM DIA ELA TENTOU SER UM GIRASSOL.

Olhou para todas as outras plantinhas do jardim e pensou, sou! Nem sabia que era apenas uma metáfora e as metáforas como comparações tornam-se voláteis, tornam-se ar e poe que não dizer tornam-se volúveis ou mesmo aquilo que foge entre os dedos e se perde na palma das mãos. Ela não sabe como segurar o amor, a mão treme e a alma cai vertiginosa num abismo de luz que ela própria ainda percebe, não vê a luz dourada do girassol que sua propria razão de ser, os ohos marejam numa lágrima, as pálpebras tremem diante do espelho e ela tem que seguir. Seguir, seguir e seguir sem sentir saudades. Mesmo deixando a alma chorar o choro é latente, silencioso, felino, indomado apenas controlado sem saber onde está o controle remoto que desligue o sonho, o desejo da carne. Ela insiste em seguir um caminho de pedras, tendo a pista reta e asfaltada, procura a dor para saber o peso da dor, procura a inconsistência da ilusão para saber o preço a pagar da inconseqüência.

Porém, para o sque imaginam o despetalar do girassol ainda não se entregou e o seguir, seguir nem que seja desenrolando o fiapo que resta da caixa de Ariadne, acredita na esperança que se chama luz.

Caros leitores, hoje estou com a cabeça fervilhando em idéias mas minha alma chora, soluça, não se arrepende de nada, mas sangra num gotejamento que leva muitas pinceladas de vida, leva muitos ideais, leva muita coisa, mas tanta coisa que no momento ela não tem idéia do destroço que fez com a propria vida. Resta apenas uma única etapa humana a conquistar na dor de querer libertar-se; chorar o amargor do trapiá e seus espinhos. Ela conclui entre lágrimas solitárias, sem ombro, som colo sem realizações sem muita vontade de ver as cores. Deixaria no momento o mundo cinza, mas ainda existe a possibiidade do mundinho azul de tantos outros que já existiram, ela pára de escrever por uns tempos. Promete apenas que as horas passam, a bandinha de fanfarra toca e a fila anda. O sol reaparece e dá brilho aos cabelos loiros, e a ostrinha azul volta a brilhar de outra forma, busca a felicidade sim, mas sem quebrar as estruturas do que lhe é peculiar aos olhos de todos a vida convencional. A vida mais linear por mais que queira quebrar as estruturas, nada disso adianta, por que esbarra num paredão sem precedentes. Ela se recomporá, se estabilizará, vestirá a roupa mais bonita e estará em plena forma para seguir, seguir e seguir para recompor-se em doirados que formulam as energias cósmicas e assim a metamorfose se encanta, e o girassol se torna estrela. Lia de Sá Leitão (Normanda). 2/10/2006