Nunes do Forró

Gosto de observar e escutar as pessoas. Sou assim desde criança.

Agora maduro continuo o mesmo. As pessoas parecem que gostam de falar e desabafar comigo. Talvez porque eu não seja preconceituoso e muito menos goste de dar conselhos.

Escuto. Simplesmente deixo a outra pessoa colocar para fora todas as suas angústias, amarguras e tristezas. Mas muitas vezes elas colocam também suas alegrias

Foi num sábado almoçando num pé-sujo que sentei ao lado de um senhor na faixa dos 55 anos. Seu uniforme denunciava a profissão: porteiro. Sua cabeça chata a origem: nordestina.

Era pura alegria e logo começou a puxar papo comigo. Dei corda e ele me disse envergonhado que era porteiro porque não sabia ler e muito menos escrever. “Num tenho leitura nenhuma dotô” ele me disse.

Com as poucas economias que conseguia como porteiro e fazendo bicos no prédio investia na gravação de CD’s, pois sua verdadeira vocação era a de compositor de forró.

E se apresentou todo orgulhoso: Meu nome é Nunes do Forró ao seu dispor.

Dei corda ao Nunes e ele na hora cantou diversas da suas composições. Ele carregava uma sacola com seus CD’s e vendia para os conhecidos.

Nunes gostou tanto de poder cantar algumas de suas músicas e ter alguém a escutá-las com atenção, que quando eu ameacei comprar um CD ele me disse: “Pro dotô eu não vendu não, eu dô de todo o coração”.

Agradeci e incentivei a continuar na sua luta para encontrar o sucesso.

E minha pequena homenagem é publicar uma de suas letras e pedir ao sucesso que alcance logo o Nunes. Ele merece.

Vem cá minha morena

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Vem cá minha morena

Eu já vou meu amorzinho

Minha fruta está madura

Tu vai comer devagarzinho

Você vai rolar na cama

Vai me fazer muito carinho

Vou fazer um amor gostoso

E não é muito ruim

Você é morena boa

Eu não sou homem ruim

Minha fruta está madura

Tu vai comer devagarzinho

Rogério Vianna
Enviado por Rogério Vianna em 23/10/2010
Reeditado em 23/10/2010
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