Café com loucura

La vem ela com um vestido roto de uma semana no corpo.
Foram os dias em que sumiu das redondezas.
Vem em passos lentos com a cabeça viajando sei la onde.
Como se o corpo andasse sozinho.
Um corpo sem alma.

Aproximou-se.
Com um sorriso de quem encontra um amigo.
_Vizinha me dê café!?
_Se tiver pão eu como também.
São poucos por aqui que não fecha as portas pra ela.

Embora tenha serviço la dentro me esperando,
Me acento junto ao banco pra ouvi-la falar enquanto toma o café.
_Demorei muito tempo pra criar o mundo.
_Me doeu fazer gente colorida.
_meus amiguinhos me deram moedas.
_Os unicórnios são violetas...

_Já fui bela e tive emprego bom.
_Eu era uma bailarina,mamãe me via dançar.
_Quero me livrar dessa droga.
_Não aguento mais essa vida...

É sempre assim.
Perdida em dois mundos.
Um de lembranças outro,tormentos.
Toma o café,come o pão e agradece

Antes que eu entre em casa,
De novo ela chama.
_Vizinha!?
Posso lhe mostrar uma coisa?
_Espere!vou buscar!

Quando volta de sua casa´
Traz nas mão o livro sagrado.
Presente que ganhou na clinica de recuperação.
Abre,suspira e lê o "salmo 23"

- O Senhor é o meu Pastor, nada me faltará.
Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente às águas tranquilas;. Refrigera a minha alma, ...

Então me pede um abraço.
E chora.
"Choramos."












Ana Maria Cristina
Enviado por Ana Maria Cristina em 10/11/2010
Reeditado em 08/12/2010
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