A Viagem do Caboclo.

O Caboclo resolveu acompanhar o circo!

Teria uma barraca de ursos de pelúcia, onde seria o gerente, uma barraca daquelas de tiro ao alvo. Andaria pelo mundo num trailler e seria um aventureiro ao modo de Jack Kerouac. O Caboclo tinha esse sonho, mesmo que enrustido e com receio de deixar sua terra e sua amada.

Outrora trabalhou numa oficina mecânica, onde aprendeu o ofício. Foi servente de pedreiro, rodando Franca com uma bicicleta de meio guidão. Vendeu gelo na praia numa época imemorial, mas o gelo vira água e os gastos com energia elétrica para congelá-la era alto demais. Vendeu rifa, trabalhou na usina e foi vagabundo por um tempo, o que todo ser humano um dia merece. Nada melhor do que ser um “vagabundo!”, daqueles com dinheiro no bolso e despreocupado de todas as picuinhas mundanas!

Teve uma vez em que Caboclo queria abrir uma pastelaria; como lhe deram um cano, cascou logo fora. Caboclo era mais arisco do que gato escaldado, reproduzindo um velho dito popular.

Outro dia, porém, Caboclo apareceu dizendo que iria embora com o circo.

Confesso que ri demais dessa afirmativa, pois esse termo de ir embora com circo normalmente é empregado quando o sujeito já não está nem aí com mais nada, não anda se atinando muito bem da cabeça.

Mas o Caboclo, apesar de acompanhar o meu riso, rindo também, confirmou a informação. Iria sim embora com um circo de hippies. Muito louco, pensei, uma aventura e tanto. Chimarrão e vinho gelado ele disse que não faltariam. Então terá tudo que precisar!

Por outro lado, como lhe disse alguém que trabalha em circo há quase trinta anos: “depois que começa é difícil parar! Tem que ser esperto!” E esperto o Caboclo era...

Começaria por Igarapava, seguindo Sacramento, Uberaba, Uberlândia, Araxá e por aí ia um circo, até a volta, pela mesma rota, num “eterno retorno”...

Espero que o Caboclo encontre o que procura, mesmo que seja aquilo o qual ainda não saiba!

Viajando num trailler, seguindo o circo, sem destino, vinho gelado e erva de chimarrão...

*Dedicado a Caboclo Sergipano, nosso grande irmão de guerra.

Savok Onaitsirk, 18.05.10.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 18/11/2010
Código do texto: T2622399
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