Eu Te Amo

Ah, se já perdemos a noção da hora

Se juntos já jogamos tudo fora

Me conta agora como hei de partir

Ah, se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios

Rompi com o mundo, queimei meus navios

Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós, nas travessuras das noites eternas

Já confundimos tanto as nossas pernas

Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão

Se na bagunça do teu coração

Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido

Meu paletó enlaça o teu vestido

E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos

Teus seios inda estão nas minhas mãos

Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás te fazendo de tonta

Te dei meus olhos pra tomares conta

Agora conta como hei de partir

Ah!...

*Ao dormir eu sonhei que havia composto a letra de uma música, com cifras musicais e tudo, com o seguinte refrão: Preciso ouvir a tua fala, o som da tua voz me faz falta. Daí o nascimento deste texto. Eu Te Amo – de Tom Jobim e Chico Buarque – foi fusão inspiradora para criação de:

*EssênCia feMiNina*

Marília percebera que estava mais eloqüente nos últimos dias. Em suas conversas as pessoas sentiam um calor transpor suas palavras, até mesmo as palavras escritas exaltavam algo quente, e de inexplicável tradução. Como se faz para traduzir o que têm sentido em si mesmo?

Vindo do seu temperamento balzaquiano era mesmo natural, Marília sempre fora muito ela. Mostrar-se por inteiro nunca foi difícil, sua personalidade, suas idéias naturalmente conflitavam com os dependentes de opiniões alheia. E mesmo que as pessoas a princípio sentissem um pouco de receio da sua força e do seu intenso e expressivo modo singular de ser. Isso não a incomodava, pelo contrário, fazia crescer cada vez mais sua espontaneidade. E aos poucos as pessoas se sentiam cada vez mais atraídas por ela.

Com Fabrício também ocorreu isso. Ele, um homem bem educado para ser um macho tradicional, no começo deixou-se envolver pela magnitude de Marília, mas o tempo foi podando sua pretensão masculina. Ele foi percebendo que não teria coragem o suficiente para seguir junto de tamanha fusão de forças. Sim, Marília era uma mulher que não temia nenhum pouco sua origem.

Aos poucos Fabrício foi demonstrando sua fragilidade em lidar com o sentimento de amor por si mesmo e por Marília, foi se retraindo, foi negando a si próprio. Sem querer enfrentar os medos adquiridos de relacionamentos passados, de suas próprias inseguranças... Foi fugindo de si mesmo e do amor que sentia por Marília.

Claro, sendo ele uma boa pessoa, educada ao extremo, foi pedindo para sair. Foi se retirando de cena. Mesmo sentido seu amor ferido, mesmo sabendo que a estaria impedindo a si mesmo de mudar de andar, na vida... Ele escolheu ir embora.

Marília apesar de forte tinha muita sensibilidade, por algum tempo chorou suas dores. Neste período teve poucos amantes e nenhum amor. Sábia, investiu sua energia em outras áreas de sua vida, se tornando ainda mais forte, principalmente com as palavras.

Descobriu sua criatividade pela música. Passou a compor letras musicais e suas composições eram sonoras, melodiosas, autênticas, capaz de provocar emoções em quem as ouvia... Marília sabia que tinha descoberto um lado seu que sempre existira dentro de si mesma, daí em diante destacou-se também nas letras musicais...

O estimulo positivo existente em sua visão permitiu compreender sua essência maior, ela soube processar o verdadeiro significado de si mesma e inteligentemente passou a reforçar isso nas pessoas que ouviam suas canções. Em suas letras músicas ela dizia para buscarem em si mesmas o conhecimento natural de cada um... Ela dizia: Esta tudo dentro de você, todas as respostas estão dentro de si mesmo e não fora! Ouça o som da sua voz interior... A voz do seu coração, a voz da alma.

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 18/11/2010
Reeditado em 19/11/2010
Código do texto: T2622511