Relato de Uma Família Brasileira.
Aparecido Lima, vinte e dois anos, solteiro.
Segundo a mãe que o acompanha desde sempre, “ele passou da hora de nascer!”.
O parto foi normal, mas nasceu “roxinho” e não chorou ao nascer.
Não foi comunicado que ele havia apresentado problemas ao nascer. Só com o decorrer do tempo é que foram perceber que ele tinha tonturas e ficava “molinho”. Foi quando o levou a um médico que informou os problemas do parto. “Puxaram demais sua cabeça!”. Infelizmente situação recorrente ainda hoje!
Só andou com dois anos e meio e falou com quase quatro anos. Frequenta a APAE desde os oito anos de idade e só aprendeu escrever o nome, em letras de forma e mesmo assim incorreto.
Em casa não tem noção de ajudar em nada. Só sai para ir à casa do avô, que é perto, e também não tem noção de dinheiro. Faz uso de Carbamazepina 200mg duas vezes ao dia, que ajuda no controle das crises de tontura.
O pai não o assumiu. Preferiu, antes de tudo, sumir!
A mãe, pobre, negra e analfabeta, nega problemas emocionais e diz que não pode trabalhar porque além de cuidar do filho Aparecido, tem também de cuidar de uma irmã que também é deficiente. O governo não ajuda em nada. Inclusive, sua casa está penhorada pela Prefeitura por débito do IPTU. Outro dia a CPFL cortou a energia indevidamente. Ficaram um final de semana sem energia, perdendo o pouco de alimento que havia na geladeira. Procurou um advogado, Dr. Savok, e entrou com uma ação de indenização pleiteando cinqüenta mil reais. Aguarda agora a morosidade da Justiça Nacional, a mais lenta do mundo!
Enquanto isso, pobre do Aparecido, Passou da hora de nascer...
Savok Onaitsirk, 19.04.10.