Me ensinou a dizer Te amo, mas não ensinou o que é Adeus...

Aquela manhã estava tão fria. Não havia sol, ele parecia se esconder dentre as nuvens, como se não quisesse que seus raios iluminassem a terra naquele dia. Eu estava sentada na grama, recostada em uma árvore qualquer próxima ao lago. Olhava o horizonte, como se ele fosse capaz de preencher o vazio que pairava meu coração... como ele pôde me deixar sozinha? Você não tinha o direito de ir embora! Meus olhos se fecharam e as lágrimas que estavam presas em minhas pálpebras caíram... parece que foi ontem que eu vi o seu rosto pela última vez e eu daria o mundo para vê-lo novamente, mas você foi embora tão de repente... Agora é sua voz que me vem na lembrança... não há nada que eu não faria para ouvi-la de novo... Por que você se foi? Por que me deixou aqui? Está sendo tão difícil dizer Adeus...

O coração aperta. Se eu soubesse que aquela tarde de domingo era a última que eu olharia em seus olhos eu teria te abraçado tão mais forte... teria agradecido por todas as coisas que você fez por mim, pelos beijos, pelo carinho, pelos puxões de orelha... teria dito o quanto você é importante para mim, o quanto eu te amo... eu não consigo me dirigir a você no passado! Por favor, me mande um sinal de que você não se foi...

Nada acontece. A brisa gelada bate em meu rosto como se quisesse me acordar para a realidade. Meus cabelos ficam bagunçados, ele adorava dizer como eu ficava linda quando o vento fazia isso... só de pensar que eu nunca mais ouviria aquelas palavras... As lágrimas agora estavam acompanhadas de pequenos soluços. Levo as mãos aos olhos para tentar contê-las, mas de nada adianta. Eu sempre achei você tão forte... achei que você fosse capaz de passar por tudo, que você era imortal... é tão difícil ter que aceitar que você se foi para sempre...

Meus olhos se abrem. O horizonte agora parece estar embaçado devido às lágrimas em meus olhos. Eu queria ter apenas mais uma chance, uma única chance de te encontrar mais uma vez, então eu faria tudo o que antes não fiz e diria o quanto sinto sua falta desde que você partiu... mas é impossível voltar no tempo...

Minha respiração começa a ficar difícil e uma sensação muito intensa começa a tomar conta de mim. Eu já tinha sentido isso antes, mas nunca com tamanha força. Era como se um buraco se abrisse no chão e eu estivesse prestes a cair. Fecho os olhos novamente, tão forte que as linhas de expressão da minha testa se intensificam. Era medo. Medo de ficar sozinha, de não ter ninguém para segurar a minha mão para que eu não caísse naquele imenso buraco vazio. Vazio. Foi o que eu voltei a sentir depois desse turbilhão de sensações.

Meu corpo estava cansado. Não agüentava mais tanta dor. Parecia que agora estava se anestesiando como se soubesse que eu não era mais capaz de agüentar mais um segundo sequer com aquele sentimento. Meus músculos começaram a relaxar, minha respiração diminuiu assim como meus batimentos cardíacos. Meus olhos se fechavam, agora sem marcas de expressão na testa, se fechavam lentamente como se pedissem por descanso. Eles sabiam que o horizonte não traria meu amigo de volta. Foi então que eu adormeci. E nesse exato momento o sol pareceu espantar as nuvens de perto dele e começou a brilhar intensamente no céu me aquecendo, como se me consolasse. Parecia o abraço dele. Um pequeno e discreto sorriso pairou em meus lábios, eu sempre fazia isso quando ele me abraçava. E foi naquele momento que eu percebi que eu jamais diria Adeus...

Dedicado ao meu amigo Douglas Ishimaru. Cuide de mim ai de cima, meu amigo... você estará sempre no meu coração...

Bárbara Miranda
Enviado por Bárbara Miranda em 12/12/2010
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