'' CIDA 4 ''

Mais uma Maria Aparecida nasceu e como todas foi chamada de Cida, foi Cidinha quando era bem pequenininha, foi Cidoca quando ja`mocinha, foi Cidona quando aos 18 ao inves de querer comer banana, linguiça , ou salame, preferiu comer '' castanha'' e justo de quem era a castanha?

Da Norminha, a Norma da Rita portuguesa, menina normalista de primeira, na flor de seus 16, ingenua e linda como um camafeu de madreperola, e Cidona quando a viu pela primeira vez foi na porta do bar em que ela estava, e Norminha voltava da igreja com a mãe e os irmãos, Cidona com o taco de bilhar em uma das mãos e na outra o copo de cerveja, e quando o olhar de Norminha encontrou o de Cidona, faisca saiu dos olhos da Cidona e atinjiu em cheio o da Norminha....

Norminha sentiu uma pontada, uma agulhada no peito, achou lindo aquele moço, aquele homem diferente, tinha um jeito de mulher, mas ao mesmo tempo era masculo, forte e tinha um olhar penetrante...penetrou na sua alma e la` ficou e Norminha ainda olhou para tras e viu quando ele desceu do degrau do bar e ficou parado la` na calçada, abobado olhando para ela....amou aquela imagem, tão diferente dos homens de sua casa, seus conhecidos, seus professores...este homem tinha alguma coisa diferente, ela não sabia o que era, mas tinha, e isto ela precisava conferir, saber..iria saber!!

Cidona sentiu o golpe, a porretada, a pancada do martelo do amor sem fim, o raio caiu e a atinjiu em cheio...nunca tinha sentido nada assim antes por menina nenhuma que ja' tivera antes em seus braços , e olhe que foram muitas e muitas..Cidona era aquilo que chamamos de um verdadeiro '' galo '', a danada dava conta de um galinheiro inteiro....caramba!!! e sabia agora, era ela ou mais ninguem, queria aquela la'...e sabia que seria para sempre.

Cidona ciscava daqui e dali para ver Norminha, não dava jeito, a familia sem saber ainda de nada a protegia por todo lado e Norminha fazia das tripas coração para passar no bar, rondar pelas ruas do bairro para ver se via aquele homem de novo, aquele moço bonito, masculo, que usava camisa xadrez, calca jeans e bota de salto carrapeta e tinha cabelos cortados como cantor de musica sertaneja...de franjas de lado, cortados rentes nas orelhas e comprido e liso na nuca...ela adorava o estilo...

Era o mes de maio e Norminha foi sozinha no ensaio da coroação da Virgem Maria, ela seria uma dos anjos e na volta, ja' estava escurecendo e ela viu Cidona na porta do bar, dimininuiu o passo e viu Cidona vindo em sua direção, virou a esquina e ficou esperando, o coração batendo no peito, forte, com força e viu quando o moço bonito foi se achegando, fechou os olhos e sentiu nos seus labios uns labios doces, abriu a boca e sentiu uma lingua grossa, forte, sugando a sua e mãos apertando seus seios, cintura, trazendo para a frente, abraçando, abraçou tambem e sentiu faltar terra embaixo dos pes...flutuava mesmo, e sentiu pela primeira vez sendo explorada por mãos fortes, grossas, suas partes intimas sendo devassada, e ela se sentiu toda molhada e gozou, gozou..pela primeira vez gozava e nem sabia direito o que era isto...so' sabia que era bom e que queria mais, que o moço bonito continuasse a fazer o que estava fazendo...mexendo na sua gruta, caverna e fazendo ela sentir aquilo tão bom, tão gostoso e o moço bonito tambem arfava, gemia, se contorcia e tinha uma mão enfiada nas calças tambem e agora mordia seu pescoço e chorava forte...se estremecia todo e não parava o que estava fazendo nem em si proprio e nem nela...e foram se acalmando, e continuavam se beijando.....a rua estava escura, a luz fraca do poste mal deixava ver se eram duas pessoas ou uma so', de tão grudadas que estavam....e foram se soltando, o moço bonito cheirava fumo, cigarro, suor e tinha cheiro de cimento molhado, misturado com tudo o mais...Norminha achou uma delicia!!!

E Cidona foi a primeira a falar, e quando falou Norminha um susto levou, ficou olhando no rosto do moço bonito e Cidona foi logo esclarecendo e viu Norminha desfalecendo.....

Caralho!!! mais esta agora...e agora que faço? e ficou segurando aquele peso morto, aquele corpo lindo largado e querendo cair no chão....jamais, pensou Cidona, vou deixar cair...juntou como uma boneca de trapo, socou os joelhos no meio das pernas de Norminha, aparou bem e foi soprando, dando tapinhas de leve no rosto, chamando....garota, garota...acorda...acorda...

Norminha acordou, foi dar um grito, Cidona tapou sua boca e viu os olhos arregalados da garota...soltou ,e Norminha fugiu correndo dali....Cidona voltou a jogar bilhar como se nada tivesse acontecido...mas tinha, ela ainda estava tremendo e assim ficou a noite toda....tinha sido feliz e sabia que ainda seria mais...a menina voltaria...com certeza voltaria....e voltou mesmo!!!

Norminha se sentiu mal, não dormiu direito aquela noite, ficou pensando no tinha acontecido e de manhã sabia...tinha gostado e iria atras do moço bonito fedido...que agora ela sabia, não era moço coisa nenhuma...era uma moça como ela e ela tinha gostado e pronto.

Ficaram namorando escondido ate' Norminha completar 18 e quando ela completou os 18 aos inves de comer banana, linguiça ou salame, comia era tambem '' castanha'', e melhor de tudo, gostava do que comia e foram morar juntas em outro bairro distante daquele em que tinham crescido...e viveram muitos e muitos anos juntos

Norminha montou uma escola para ensinar datilografia e depois com o tempo computação, Cidona sempre trabalhou em construção, era pedreiro, encanador, eletricista e com o tempo montou um borracharia, fez sucesso e dinheiro, tinha amigos que iam jogar truco e coçar o saco por la'...ela era a primeira a coçar o saco, sentia mesmo coçeiras por la'...acreditava que tinha um com certeza

Compraram uma casa linda, viajavam, davam festas e as familias das duas compareciam e quando os pais morreram ,as duas mães, velhinhas foram com elas morar ate' morrerem...e quando Norminha se aposentou, vendeu a escola e ficou no bem bom e Cidona nunca se aposentou...alias, se aposentou mas continuou trabalhando na borracharia ate' morrer, morreu trocando um pneu de trator..pode?

tanto pode que morreu assim..e no enterro tinha tanta gente chorando que dava do` deles isto sim....e os amigos, homens, tinham ficado agora sem seu melhor companheiro de truco...Cidona jogava truco como ninguem mais, gritava, falava palavrões, subia em cima da mesa, tudo como manda o bom figurino de um bom truqueiro e isto Cidona era...o melhor que ja' apareceu na cidade...tem hoje ate' uma pequena estatua no clube ....foi amada por isto e por ser o melhor borracheiro que a cidade ja' teve...trocava pneu de tudo.

Norminha, a normalista linda da juventude, ficou uma velhinha linda, cabelinhos branquinhos, branquinhos..e' doce, suave e muito, muito amada...que linda!!! e sente muita, muita mesmo saudades do moço bonito fedido que um dia ela na juventude conheceu e muito amou e este moço bonito e fedido atendia pelo nome de Maria Aparecida..ou melhor Cidona..que um dia foi Cidoca, foi tambem Cidinha e não gostava de ser chamada assim, mas era...ela gostava de Cida...a bandida!!!

Que repouse em paz ja' que na vida não teve a tão merecida....ou sera' que teve?

Dizem, dizem mas não sei quem, que cada um tem a paz que merece...que gosta, que deseja....sabemos la' não?

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WILLIAM ROBERTO CUNHA
Enviado por WILLIAM ROBERTO CUNHA em 12/12/2010
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