A noite de um dia branco

No fim desta noite fria deste dia branco, onde posso ser o que quiser, sem me preocupar com horários estressantes, sem ter que me afligir com idas e vindas, sem me aborrecer com pessoas sem sensibilidade, paro e começo a observar o passar da vida pela janela do ônibus. Carrego em minhas mãos pequenos embrulhos cheios de amores, amigos e sentimentos múltiplos que existem em mim, e que sempre que posso, procuro ofertá-los a quem eu amo de verdade.

A cada rua que deixo para trás nesta gélida noite de domingo, escuto pessoas conversando a minha volta e falando de como deve ser difícil passar uma noite dessas morando ou dormindo na rua. Seres humanos como nós, cada um com os seus temores, segredos e esperanças, marginalizados pela falta de compreensão e de amor, às vezes em casa, às vezes na vida. Pessoas tão iguais a cada um de nós, mas que por vezes passamos por eles e nem sequer refletimos o porquê daquela cena se exibir assim, diariamente, no nosso cotidiano tão atarefado por compromissos demasiadamente importantes para podermos parar um minuto e pensar no nosso irmão. Não busco soluções ou explicações simplistas para os problemas da sociedade moderna, busco somente tentar atingir no ser humano algo que quase sempre acaba ficando esquecido, pois o caos da vida diária é tão intrópego, que acabamos nos esquecendo de vivenciar a sensibilidade presente no nosso ser.

No prosseguir da viajem, vejo casais abraçados pelas calçadas, felizes pelo frio intenso que faz e por estarem desfrutando da presença de quem amam. De repente, me deu uma saudade de você... Queria estar do seu lado agora, sendo teu calor nesta noite fria, desfrutando do teu abraço que acalma e cala pacientemente minha revolução interior...

Vejo pessoas voltando para casa, saindo das igrejas, outros se divertindo e dançando pelos bares, outros assim como eu, sozinhos pelo mundo, buscando uma alegria para dar de presente a quem ama, e observando a vida, que segreda situações maravilhosas (como o riso de uma criança que está ao meu lado), mas que infelizmente, fica encoberto pela névoa diária da rotina que assola este mundo moderno e hiperacelerado. Mas fico feliz, por poder ver tudo isso a minha frente e me sentir mais feliz, mais realizado... Por poder estar vendo a beleza da vida, e por poder espalhá-la com palavras pelas muitas vidas que conhecem a liberdade de viver bem e feliz. É isso que busco incessantemente, e isso que quero e desejo para todos a minha volta.

Rilan Ancelesti Orn Geacco
Enviado por Rilan Ancelesti Orn Geacco em 21/01/2011
Código do texto: T2742817
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.