O ÚLTIMO JANTAR.
 
Manoel, um pão duro convicto, casou com Dilma Dalgusto, moça da cidade, com faculdade, e que de casa não entendia nada.
Ela fazia a parte social num dos restaurantes que tinham.
Era alegre e atendia muito bem a todos os fregueses.
O lugar era bonito e muito bem frequentado.
O casal saía cedinho para trabalhar e só retornavam a noitinha.
Dilma, da cozinha, só sabia palpitar e degustar.
Dinheiro entrava muito no restaurante, mas Manoel sempre dizia que tudo estava sendo investido e Dilma não via nem a cor.
Cansada, uma manhã resolveu que não ia mais trabalhar.
Ficou em casa de papo paro o ar.
Seu celular não parava de tocar.
Manoel deixava mensagens pedindo a sua volta.
No final do dia, já arrependida de ter deixado o marido trabalhando sozinho, resolveu fazer o único prato que sabia.
Um frango temperado ervas finas, vinho e batatas.
Arrumou a mesa com louças que nunca tinha usado, colocou uma música suave diminuiu as luzes.
Estava tudo pronto para um jantar romântico.
Colocou o refratário no forno, e foi tomar um banho.
Queria estar bem linda para este jantar surpresa.
Quando Manoel chegou, ela correu a dar lhe um beijo e disse:
-Volto amanhã para o restaurante.
Ele estava feliz e maravilhado com a esposa, com a sala de jantar arrumada com tudo o que ela tinha feito.
 -Também vou tomar um banho.
 Acho que deveria colocar um smoking, a ocasião pede, brincou.
- Sim, amor, vamos bebericar e conversar.
Manoel estava eufórico. Contou da falta que ela fazia.
-Dilma, és a alma e o coração daquele restaurante.
Hoje tudo estava muito triste.
Curioso, Manoel perguntou de onde vinha o jantar.
-Encomendaste do nosso restaurante, Dilma?
-Amor, o jantar hoje eu mesma fiz. Um prato especial, sei que vais gostar.
-Nem acredito em tanto carinho, Dilminha.
Mas o que teremos para o jantar?
-Calma, amor, está no forno.
Manoel levou a mão ao peito caiu duro.
Um ataque fulminante.
Dilma desesperada chama os bombeiros.
Acompanha o marido ao hospital.
Tudo em vão, era tarde demais.
A tristeza tomou conta do coração da viúva, que não entendia como aconteceu tamanha tragédia.
Depois do enterro, fechou a casa.
Passou uma semana fora.
Depois resolveu voltar para tocar o restaurante.
Já na entrada da casa lembrou do maldito jantar que tinha deixado no forno. Nem ligado o forno ela tinha. Não deu tempo.
A esta altura o frango com as batatas já tinha fermentado, azedado, embolorado. O cheiro tinha infestado a casa toda.
Cheia de nojo, com luvas de borracha e uma toalha cobrindo o nariz começou a limpeza.
 
Puxando o refratário, viu que na parte de baixo do forno tinha uma sacola.
Estava toda lambuzada com a comida que tinha fermentado e transbordado do prato.
Já ia jogar tudo no lixo, quando notou que tinha dinheiro, muito dinheiro mesmo.
-Era ali que o infeliz escondia tudo.
O forno era um esconderijo perfeito.
Nunca era usado.
O dinheiro estava todo ali, meio fedido, mas todinho ali.
Dilma passou a noite a contar sua fortuna.
E falou com seus botões:
-Se Manoel não fosse tão afobado, ainda estaria vivo.
Eu ia pedir para ele ligar o forno.
 Nunca tive coragem de ligar esse forno velho.
 
O ÚLTIMO JANTAR.
 
Manoel, um pão duro convicto, casou com Dilma Dalgusto, moça da cidade, com faculdade, e que de casa não entendia nada.
Ela fazia a parte social num dos restaurantes que tinham.
Era alegre e atendia muito bem a todos os fregueses.
O lugar era bonito e muito bem frequentado.
O casal saía cedinho para trabalhar e só retornavam a noitinha.
Dilma, da cozinha, só sabia palpitar e degustar.
Dinheiro entrava muito no restaurante, mas Manoel sempre dizia que tudo estava sendo investido e Dilma não via nem a cor.
Cansada, uma manhã resolveu que não ia mais trabalhar.
Ficou em casa de papo paro o ar.
Seu celular não parava de tocar.
Manoel deixava mensagens pedindo a sua volta.
No final do dia, já arrependida de ter deixado o marido trabalhando sozinho, resolveu fazer o único prato que sabia.
Um frango temperado ervas finas, vinho e batatas.
Arrumou a mesa com louças que nunca tinha usado, colocou uma música suave diminuiu as luzes.
Estava tudo pronto para um jantar romântico.
Colocou o refratário no forno, e foi tomar um banho.
Queria estar bem linda para este jantar surpresa.
Quando Manoel chegou, ela correu a dar lhe um beijo e disse:
-Volto amanhã para o restaurante.
Ele estava feliz e maravilhado com a esposa, com a sala de jantar arrumada com tudo o que ela tinha feito.
 -Também vou tomar um banho.
 Acho que deveria colocar um smoking, a ocasião pede, brincou.
- Sim, amor, vamos bebericar e conversar.
Manoel estava eufórico. Contou da falta que ela fazia.
-Dilma, és a alma e o coração daquele restaurante.
Hoje tudo estava muito triste.
Curioso, Manoel perguntou de onde vinha o jantar.
-Encomendaste do nosso restaurante, Dilma?
-Amor, o jantar hoje eu mesma fiz. Um prato especial, sei que vais gostar.
-Nem acredito em tanto carinho, Dilminha.
Mas o que teremos para o jantar?
-Calma, amor, está no forno.
Manoel levou a mão ao peito caiu duro.
Um ataque fulminante.
Dilma desesperada chama os bombeiros.
Acompanha o marido ao hospital.
Tudo em vão, era tarde demais.
A tristeza tomou conta do coração da viúva, que não entendia como aconteceu tamanha tragédia.
Depois do enterro, fechou a casa.
Passou uma semana fora.
Depois resolveu voltar para tocar o restaurante.
Já na entrada da casa lembrou do maldito jantar que tinha deixado no forno. Nem ligado o forno ela tinha. Não deu tempo.
A esta altura o frango com as batatas já tinha fermentado, azedado, embolorado. O cheiro tinha infestado a casa toda.
Cheia de nojo, com luvas de borracha e uma toalha cobrindo o nariz começou a limpeza.
 
Puxando o refratário, viu que na parte de baixo do forno tinha uma sacola.
Estava toda lambuzada com a comida que tinha fermentado e transbordado do prato.
Já ia jogar tudo no lixo, quando notou que tinha dinheiro, muito dinheiro mesmo.
-Era ali que o infeliz escondia tudo.
O forno era um esconderijo perfeito.
Nunca era usado.
O dinheiro estava todo ali, meio fedido, mas todinho ali.
Dilma passou a noite a contar sua fortuna.
E falou com seus botões:
-Se Manoel não fosse tão afobado, ainda estaria vivo.
Eu ia pedir para ele ligar o forno.
 Nunca tive coragem de ligar esse forno velho.




FAZENDO PARTE DA ANTOLOGIA  PROSAPOEMAS DA GUEMANISSE VOL 2