Nestazoras

Meu cigarro acabou, essa chuva não me deixa buscar, acho que tem algumas bitucas dentro da churrasqueira, vestígios do ultimo encontro, já faz tempo que não chamo o pessoal pra aparecer, eles devem pensar o que se passa na minha cabeça, o que eu estou aprontando, quais são meus planos, nem mesmo eu sei, ser pai, ainda não me parece tão bom assim, já se foi o tempo em que os olhos brilhavam com notícias recebidas, hoje só mesmo me preocupa saber que nem mesmo vida mais terei, quem sabe vou adorar, odiar, viver tem destas coisas, amigos que se vão, desencontros que a gente inventa, inveja, ego, fantasias que a gente veste pra poder brincar, o carnaval este ano é em março, quando o bloco estiver na rua, vou me vestir de mulher, das mais safadas, mina saia e calcinha socada, só para variar estarei bêbado, ainda mais que nos outros anos, minha tolerância me trouxe para o ponto de desova, dos tempos em que eu ia de bicicleta fazer correria para os play só pra tirar uma lasca e garantir o meu, foram tantas bolhas que hoje o fígado pede socorro, vinho quente, quermesse, cerveja kaiser, baladas vagas, que preenchiam a vontade de ver gente, ser visto, lembrado por quem nem importa, pouco vale, tudo o que me circunda, conversas que me lembram como essa vida perde o sentido na próxima volta do mundo, deixei passar, vou no outro, deixa o busão me levar, quero ouvir a conversa alheia para me inspirar, confusão me dá medo, mas é o medo quem põe a prova minha natureza humana, deixei de lado o sucesso, vou jogar na loteria, destruir o que eu construo é a mais divertida alegria.

Marco Cardoso
Enviado por Marco Cardoso em 10/02/2011
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