Perdido no meio

Estou num momento triste. O lugar onde eu moro demonstra o auge do meu interior. Uma verdadeira bagunça!

Os valores que aprendi em Antonina, com os meus sábios pais, parecem ter desapegados do meu viver. Estou inerte e imerso dos acontecimentos. Não tenho foco. Descobri isso hoje. Perdi o meu foco e não consigo encontrar ele nos meus planos traçados antigamente. A vida muda, todos os dias mudam, principalmente quando a mão trabalhadora está parada. A mente ociosa fabrica poeiras que sujam o brilho dos meus sonhos. A vitrine dos meus sonhos está embaraçosa. Preciso ter forças para tornar esta visão nítida e clara, de forma a conseguir ver o reflexo do sol para finalmente senti-lo um dia. Caminhos que nos levam a outros caminhos, tão sábia é a vida, mas tão ignorantes somos para perceber isto em tempo hábil. Descobrimos tardiamente e valorizamos quando não nos resta tempo para usufruir. Para usufruir este bem perdido novamente é preciso lutar além dos nossos fracos braços, é preciso pensar além do nosso pessimismo, é preciso viver o sonho para viver.

Para sermos felizes, temos que sofrer primeiramente, caso nossa alma seja teimosa e firme dos cegos propósitos. Para ouvirmos, temos que aprender a morder a língua, capotar no nosso egocentrismo e retirar a máscara do orgulho. Para agradecermos a Deus, temos arrastar nossos peitos à terra, engrossarmos nossas peles macias, perdermos o nosso ouro, para aí sim, valorizarmos um níquel que nós temos, um sorriso que recebemos, um prato de comida que comemos, uma mão perfeita, uma digestão perfeita, um dedo mindinho, nem que seja mindinho, melhor do que não ter, pois um mero detalhe nos faz muita falta e observação alheia. Para subirmos, temos que subir todos os degraus, se pular as etapas, certamente o tombo virá, com muito estrondo e ao mesmo tempo silêncio. Só ouvirá a sua consciência. Esta cabe a ela dizer a você e não a mim.

Paciência. Quem tem paciência geralmente é um grande ser. É um ser provido de muita sabedoria e tem o tempo como o seu aliado e muitas vezes faz parte do seu discurso. Quem dera se eu tivesse! Não traria tantos males, não teria errado tanto e certamente teria avançado na minha vida muito mais, além do que posso imaginar. A sabedoria ainda vai demorar a chegar em minha vida, pois a minha paciência parece distante e sua voz longínqua e distante está longe de ser compreendida nesta minha existência.

A confusão da minha vida é bem alheia a este texto. Não tem foco. Estou falando em duas pessoas e me perdi em temas e conselhos. É conselho misturado com desabafo, é poesia misturado com conto e conto querer virar um livro, que nem sequer completa-se uma página, com um gosto de uma história que precisa ser continuada. É. Esta história está perdida, sem foco, mas espero que este texto não esteja oco, pois iniciei ela, mas perdi no meio. Espero que esta história seja como um parto. Dolorido, mas com um final feliz.

28/02/2011

Daniel Couto

Daniel Couto
Enviado por Daniel Couto em 28/02/2011
Código do texto: T2820812
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