** AGRESSÃO ** 6

Tânia não entende por que tanto ciúmes tem dela o marido. Ela cuida bem da casa dos filhos ama e respeita Daniel, um homem bom, trabalhador honesto e excessivamente ciumento. Há um pouco mais que quinze anos de casados, Daniel não gosta que Tânia sai de casa, tem amigos, trabalhe fora, enfim... e diz ser por ciúmes. Ele implica ao ver ela passar batom para sair, passar perfume, com a blusa.... sempre coloca um defeito.

Ao vê-la conversando com amigas ficava mal-humorado e começava insulta-la dizendo que Tânia estava tento com caso com a amiga, que a amiga era a namoradinha dela...

Ela fala a Tânia que ela fica mais feliz com a amiga do que com ele, que dá uma risada gostosa e pra ele nada, ainda ressalta: - Cuidado Tânia para não virar sapatão!

Tânia fica roxa de ódio, tanta calunia, tanto insulto! E pensa que se fosse seria mais feliz

Iria receber carinho, compreensão e não insultos, de que adiantava ter do lado um homem.

Mas isso não passou dos seus pensamentos, tina aos poucas se afasta da amiga.

A situação financeira do casal não é lá essa coisa; em casa falta dinheiro para tudo, contas atrasadas, geladeira vazia, não se compram roupas nem calçados, sempre

ganham de dos outros, o salário do marido é pouco para cuidar das despesas da família.

Tânia tenta ajudar fazendo alguns doces e salgados pra fora, mas mesmo assim é pouco.

Ela sonha com um trabalho fixado, que dê a ela direitos, e principalmente direito de se sentir gente, dignidade. Ela além de querer ajudar o marido a manter a casa, criar os filhos, ela quer poder não mais pedir dinheiro para comprar um grampo de cabelos...

Sai todos os dias a procura de emprego, e chegando em casa relata ao marido o que conseguiu e ele sem saber de mais detalhes vai logo jogando um balde de água fria, coloca todo o tipo de empecilho que pode, coloca mil defeitos, e tenta tira-la de cabeça.

Claro que é uma bobagem absurda a dele, não consegue arcar com a família e não quer que a mulher trabalhe... Alega que por ciúmes, a quer dentro de casa sempre, diz ser por muito amor.

Amor, estranha forma de amar que impede o outro de ser feliz, que não confia, que priva, reprime... Será mesmo amor por ela ou por ele?

Tânia não teve oportunidade de estudar na juventude, casou e logo foi tendo filhos, filhos pequenos, marido possessivo, mas depois dos filhos maiores e a necessidade de um bom trabalho exigiu dela estudo, e foi então que se matriculou numa escola para retomar de onde parou... foi um auê!! O marido não gostou nada, nada... impedir ele não impediu mas foi botando defeitos e dizendo que ela não precisava de estudar na idade dela, é que ela não estava feliz com ele e os filhos, porque voltar estudar? Mas não adiantou os argumentos dele, ela estava firme na sua decisão, e indo as aulas todos os dias, Daniel não facilitou nada para ela que tinha que cuidar da casa, dos filhos, das coisas do marido tudo certinho a tempo e hora, tina andava exausta mas estava dando conta, o que mais a deixava cansada e muito aborrecida era a cara do marido, pois de segunda a sexta ele não abria cara pra ela, mal respondia quando ela perguntava, dava-lhes as costas nunca chamava ela para passear ou lhe fazia qualquer agrado, deitava ao lado dela de noite e nem encostava um dedinho nela, virava para o canto e dormia, levantava e sempre mantendo distância, os dois não tinham mais diálogo. Isso a realmente deixava tina magoada, nunca ficava relaxada para fazer os trabalhos de escola nem as provas, sempre preocupada com a indiferença do marido.

Ta aí mais uma bobeira dele, pois o marido que age assim não percebe que está abrindo brecha para que outra pessoa conquiste sua mulher, outro que dê atenção, carinho, conversa, risos... se o fator principal é ciúmes por muito gostar e não querer perder, desse jeito que os maridos acabam perdendo. E em alguns caso não há volta.

Mas nos finais de semana e feriado, ele até voltava na boa com ela, depois e algum temo Tânia percebeu, e ficou muito mal com a situação. Quando acontecia do Daniel ligar para ela no horário de aula, eles conversavam e claro escola tem muitas vozes, chegando em casa Tânia tinha que explicar quem estava perto dela conversando, se era com ela ou não, principalmente se a voz era de homens.

Tânia em uma dessas discussões ficou tão nervosa que disse chorando:

- Daniel, sou sua mulher, lhe respeito, para com essa desconfiança, eu não vou a escola para arranjar ninguém, se eu quiser uma outra pessoa não precisarei enfrentar escola, você bem abe disso, mas se você não confia em mim o que está fazendo ao meu lado? Eu não estou lhe prendendo se não confia em mim e ainda está morando comigo você faz é papel de bobo então a culpa não é minha, ou muda seu jeito e pare de desconfiar ou paramos por aqui, já perdi tempo demais na minha vida há mais de quinze anos sendo somente esposa, estou disposta a continuar pois isso que estou fazendo não agride ninguém e me faz muito feliz, vou continuar correndo atrás do meu sonho.

- Ah! Então você chama de perca de tempo nosso casamento?

- Chamo, chamo sim, pois sendo agora preciso do seu apoio e não tenho, vejo que pra mim foi perca de tempo, eu sempre fui a esposa perfeita, ao seu lado todas as horas da sua vida, nas perdas de seus familiares, de seus amigos, nos problemas do seu trabalho, quando ficou doente com dores, nas suas conquistas, profissionais e pessoais, eu que sempre estava ao seu lado ou lhe acalentado, ou lhe dando remédios, ou festejando contigo, torcendo por você... E eu? Qual o retorno?

- Muito bem, entendi, você está cansada, quer que eu vá embora, eu vou, por que você está pedindo.

- Não Daniel, não quero que vá embora, não estou pedindo isso, você está torcendo minhas palavras para eu me sentir culpada, quer sair por não suportar minha decisão mas que jogar a culpa em mim, assim fia melhor quando for comentário de algum amigo ou parente ao quais você dá muita importância, ficará melhor pra você se fazer de vítima. Mas quer saber pode ir se quiser e pode jogar a culpa em mim, não faz mal, pra mim o que importa é eu ser feliz, é a minha opinião, sei que não estou lhe pondo pra fora pra minha consciência é o que vale, e sei que você também sabe, mas os fracos tem sempre que escorar em algo ou alguém para não cair não é?

O silêncio durou pouco pois Tânia desabou a falar... Eu só quero uma coisa de você Daniel que me compreenda e deixe eu ser feliz como você mesmo diz que me ama, que confie em mim, coloque-se no meu lugar Daniel, imagine você dependente e alguém para comer, calçar, vestir, tudo ter que dar satisfação do dinheiro... Sou tão infeliz por viver assim Daniel, sem meu trabalho as suas custas, sei que não me nega nada, nunca negou sempre me deu tudo que pode, mas eu não me sinto bem assim, entenda, por favor, eu amo você e nossos filhos são tudo pra mim, mas para vivermos temos que ter mais que filhos, marido, precisamos de muitas coisas, trabalho, dinheiro, casa, comidas... em primeiro plano é claro são vocês minha família, mas de resto eu preciso de mais, como você precisa, o visinho precisa, todos... Não aceitando isso vá embora,

Mas veja bem, me culpar por isso é ato de covardia, vai mas de vontade sua, assume.

- Eu não quero brigar com você Tânia, eu a amo muito sim, vou tentar mudar meu amor, vou tentar aceitar suas idéias, eu confio em você querida, sabe bem, a desconfiança e em mim, sinto não ser homem ideal pra você por isso fico assim, mas peço sua ajuda, me dê segurança, e tenha um pouco mais de paciência pois vou esforçar e mudar, e é sério.

- Tudo bem Daniel,mas só dessa vez, pois não estou disposta a passar por isso novamente, mais uma dessa acabamos de vez.

Tânia e Daniel tentaram uma nova vida, um ajudando o outro, fácil não foi mas tentaram e viram onde estavam o erro de si mesmo, Tânia não se impunha, não se abria, passava tudo calada, Daniel não queria entender o lado da mulher, mas agora está tudo se ajeitando.

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Laura Ry
Enviado por Laura Ry em 11/03/2011
Reeditado em 11/03/2011
Código do texto: T2840953
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