O pequeno velho andava pela rua...

“Penso que o ser humano está muito longe de achar seus verdadeiros valores”

Sua velha bengala, gasta pelo tempo como também suas vestes faziam com que ninguém lhe desse importância. Com a vista turva e pouca audição andava a esmo pela cidade como que seu pequeno quarto na Vila Vicentina não mais lhe coubesse. Em cada esquina parava naquela confusão, talvez pedindo só uma prosa, mas o povo correndo não tinha tempo para jogar conversa fora. Olhava para o velho sinal de trânsito que estava estragado há anos, olhava para o céu pedindo uma luz de Deus e estava tudo escuro. Será que iria chover ou a sua vista não mais avistava a luz solar? Escutava uns barulhos de tiros ou talvez foguetes; em sua confusa mente imaginava ser alguém sapecando alguém ou comemorando algum gol. Lembrou de repente que saiu da Vila para receber sua aposentadoria porque sobrava pouco quando “emprestava” seu cartão para o diretor de lá. Apareceu alguém lhe dando os parabéns porque seu filho estava ficando rico com uma loja de matérias de construção. Prosa pouca porque o cara também estava com pressa. Lembrou de seu filho de repente e como foi bem criado. As lembranças sumiram de novo quando se lembrou de sua esposa, há tempos morando com Deus. Quando arriscou atravessar a movimentada rua, foi atropelado. Ensangüentado no chão, apareceu o atropelador: Pai é você? Até que enfim você apareceu meu filho!

JOSÉ EDUARDO ANTUNES

Zeduardo
Enviado por Zeduardo em 13/03/2011
Código do texto: T2845534