Ainda que andasse sem Vê-lo, hoje sei que Estavas lá!

Estou a me referir na atitude que tomei frente aquela firma alemã, não que o serviço não era necessário, mas, as vezes outras coisas tem mais valor, e foi nisto que pensei, era uma situação em que não podia mudar nada, mas, protestar foi único pensamento, ou seja, o de um boicote, o de não mais dar as mãos para eles, que continuassem, porém sem mim, e olhando hoje para trás, após tantos anos, pois, isso se muito não me engano foi no ano de 1975 ou 1976, faço um elo com o divino, visto que, falei que ia sair da situação e sai, e para uma melhor, pois, fui ganhar mais, subi de cargo e aí vejo o universo a conspirar a meu favor, por essa razão eu creio que o universo trabalhou maravilhosamente na vida daquele rapaz também, pois, ele de nada deve ter tido conhecimento, porém, na sua inocência de tudo, o universo deve tê-lo premiado também, afinal, foi o maior prejudicado em toda situação, Deus não deixaria passar em branco, não esse DEUS que hoje vejo, e o mais engraçado é que minha vida permeia-se de acontecimentos assim ,ou seja, aonde eu vi a mão do divino ainda que no momento eu não soubesse, vejamos então: - Uma outra ocasião eu trabalhava em uma empresa de pesquisa de mercado e opinião, ficava na R Xavier de Toledo, mas, aquele dia o chefe, um francês não deixou a gente ir embora no horário, queria que acabássemos de transcrever os dados nos gráficos, eram muitos e como já era tarde, minha mãe ligava quase que de meia em meia hora, para saber se ainda estava lá, por fim, eles nos levaram até em casa, mas, como já conhecia minha mãe, falei, olha que amanhã eu só volto pra pedir demissão, falei brincando, mas não é, que ao chegar em casa tinha um telegrama, de outra empresa, oferecendo trabalho com um salário maior ainda, nem pensei duas vezes, fui até lá e saí empregada, também, onde estava eles não iriam pagar como extra as horas que trabalhei aquela madrugada, assim, também é injusto e não devemos aceitar injustiças, a única coisa que tenho pra vender é minha mão de obra, a qual, já é mau remunerada, e ainda por cima aceitar desvalorização, isso jamais, e de fato só voltei no dia seguinte pra pedir demissão, fui trabalhar na CentreVille, era um projeto de casas estilo francês que seriam implantadas em todo o interior de São Paulo, mas, também não fiquei muito tempo, pois, os engenheiros do empreendimento não avaliaram direito a situação e assim, não conseguiram fazer vingar o projeto, além de que houve envolvimento com várias prefeituras e com a Caixa Econômica, trazendo inclusive, prejuízos grande, mas, nesta empresa tive meus pequenos problemas, ou seja, havia lá um engenheiro ou arquiteto, sei lá, que olhava pra mim e perguntava sempre, qual era a cor da minha pele, pois, achava que não era negra, nem jambo, nem morena, então acabou dizendo que eu era desbotada, e assim foi, ele e sua graça sem graça, o que achei legal lá, foi ter conhecido o Oscar, o mão santa, jogador de baskete, quando ele ainda era um jovenzinho e estava iniciando a carreira, conheci ele e o Amaury, de vez em quando eles iam lá, eles e outros jogadores que não lembro o nome, apenas eles pois os dois se destacaram mais, penso que o Dr Marino, iria patrociná-los, sei lá, mas, com o correr dos meses, as coisas iam ficando complicada por lá, era só o Dr Marino pedindo pra secretaria cancelar os compromissos e quando o procuravam lá, pedia para ela dizer que não estava, comecei a achar estranha essa história e assim, voltei a folhear jornais à procura do meu próximo emprego, pois sentia que o barco ali estava naufragando, achei então um anúncio para aprender a digitar pelo Serviço Federal de Processamento de Dados, então me apresentei lá após o expediente e fiz um pequeno teste de datilografia e fui classificada para aprender a digitar em trinta dias, se fosse bem seria admitida pelo Serpro, assim, trabalhava de dia na CentreVille e a noite ia aprender a digitar, após trinta dias, fui admitida e foi bom demais, sai na hora certa, os que ficaram lá na CentreVille viram o barco afundar, estão vendo, parece até proteção, nunca cheguei mesmo conhecer desemprego, e nunca trabalhei sem registro, de uma outra vez, estava trabalhando empregada, vi uma fila no antigo banespa e perguntei pra que era? Tratava-se da inscrição de um concurso público, a taxa era pequena tipo assim dez reais, aí aproveitei e fiz inscrição, após prestar as provas, nem sequer lembrava mais do concurso, alguém ligou perguntando se ainda estava interessada na vaga, disse que sim, fui até lá, e era pra arrumar os documentos necessários e passar por exame médico e após tomar posse, dessa vez, deixei uma empresa que eu amava, todos eram bons demais comigo lá, o dono então, ele era excepcional, o Dr Giancarlo Barone, corretor de seguros, da Almeida Barone e Segurauto, mas, não havia jeito, disse pra ele arranjar outra funcionária, porque iria sair de qualquer jeito, imaginem que ele queria cobrir a oferta que fizeram a mim, mas, não era o caso, ficou bravo ao saber que sairia pra ganhar menos, e que o motivo que dera, de segurança, estava ele a garantir que não me mandaria embora, mas qual o quê não conseguia demover-me de jeito nenhum, é que na realidade eu já contava com trinta e cinco anos, e era no tempo dos gatilhos do Sarney, e o desemprego já começava a campear a nação, assim, se eu perdesse aquele emprego já não seria fácil arrumar colocação, e ainda faltava alguns anos para aposentar, assim, optei por sair, Dr Gian ficou chateado, comigo, embora, eu só saí, depois de treinar outra pessoa para o meu lugar, não deixei ele na mão, apenas meu coração pedia pra mudar o rumo mais uma vez, já para eu conseguir um emprego de digitadora na empresa dele, não foi fácil, porque estava já acostumada a ser digitadora de sistema de grande porte, ou seja, em rede, e os micros começavam entrar no país, era teclado invertido, a gente estava acostumada a teclado universal, assim, o que deu certo eu entrar é que fui competir com um outro digitador bom também, até melhor que eu, trabalhei com ele no Banco Real, na Real Processamento de Dados, seu nome era Luiz, também foi demitido de lá e já não estava sendo fácil arranjar colocação na área, assim, quando o aplicador do teste disse que seria uma redação, olhei pro Luiz e disse: - Meu caro, agora é melhor você ir procurando outro serviço que esse já é meu!... Ele deu risada e disse: - Vamos ver. Deram para ele uma redação a Família e para mim o Trabalho, não deu outra, o Luiz perdeu a vaga, assim, fiquei digitando agora no teclado invertido, fiz muitas amizades lá, e o Luiz de vez em quando ligava pra saber como ia indo o que ele chamava de "Le Barone", mantivemos a amizade. Mas, voltando ao sair da empresa, senti muito ter que sair de lá, mas aprendi a ler com o tempo as linhas políticas do país, assim achei mais seguro pegar uma carona no serviço público, pois ainda faltavam alguns anos para eu trabalhar e caso contrário, iria sim conhecer desemprego, já que a tecnologia não parava mais de evoluir e cada vez aparecia mais e mais equipamentos novos e que minimizavam o pessoal, fui atrás de segurança sim, já que com as leis mutantes do nosso país e os impostos escorchantes que até impedem empresas de prosseguir e de contratar pessoal, o melhor era mesmo garantir, não queria ter a vida dos meus pais, isto é, minha mãe teve que voltar ao mercado de trabalho, após muitos anos, para enfim ter uma pensão mínima e meu pobre pai, este nem sequer aposentou em vida, e deixou uma pequena pensão pra mamãe, não, de fato não, tinha que mudar esta situação!... Assim, fui trabalhar no Ministério Público Estadual, o ordenado era pequeno, e eles ao verem que tinha muita experiência em CPD, adivinha, colocaram eu lá, novamente, de volta as máquinas, agora trabalhando oito horas, antes fazia seis, e sem perspectiva de carreira, pois lá, ainda computador era novidade mal saída da caixa, caramba, assim, fiquei por lá exatos onze meses, prestei outros concursos, agora na área digitação, só que para a Secretaria de Estado da Saúde, dei sorte novamente, era época que formava uma equipe de digitadores para trabalhar em conjunto com o CPD da Prodesp, para cercar o que estavam chamando de epidemia da Aids, assim, fui trabalhar no CVE - Centro de Vigilância de Epidemias, isto em 1989, e de lá prestei um outro concurso público, agora federal, fui passando pelo Viaduto do Chá, e estava lá novamente a fila, e novamente perguntei, que fila e essa? - É para um concurso público do TRF 3a.Região, entrei na agência peguei o prospecto e vi que tinha digitador, pronto! Lá fui eu novamente, a inscrição era vinte e cinco reais, ( na verdade era ainda a moeda do Collor, cruzado, mas equivalia aos 25,00 reais hoje ), que eu não tinha, entrei na Fininvest, tomei emprestado e fiz a inscrição, cheguei no CVE, alertei aos colegas, do concurso, mas, ninguém foi inscrever-se, assim, após dois anos, isto é, já casada, tive meu primeiro filho, e quando ele tinha dois anos, fui chamada, e olha que passei em 21. lugar, subi apenas um ponto no desempate, pelo fato de trabalhar na Saúde, assim, entrei lá quando o presidente Collor estava saindo pela porta dos fundos, era o presidente mais processado da história do país, e lá fiquei até aposentar, assim, em tudo vi a mão de Deus na minha vida, eu penso que a gente enxerga o aqui e o agora e Deus Vê lá adiante, assim, vejo também que a gente as vezes tem que crer, tem que pagar pra ver, quando tomei emprestado, aí eu já demonstrei a total confiança e entrega para prestar esse concurso, não vacilei, era o último dia de inscrição, ou era ou era, e assim, a gente acaba demonstrando através da fé uma direção de mudança, nem sequer pensei que haveria gente mais capacitada, mais estudada, com um currículo melhor que o meu, nada disso, foi tudo com uma convicção firme!... Assim, como em outras situações limites da minha vida e da vida dos meus pais, vi a ação de DEUS, sempre que precisei, ainda que não O conhecia de fato, lá estava Ele, uma presença marcante na minha vida, uma presença a buscar-me no meio das malhadas, houve um dia em que meu filho mais velho, até então, com dois anos de idade, já estava completamente encharcado de remédios antibióticos, pois, precisava ficar em escolinhas, tinha que trabalhar e saia bom de casa, e voltava febril, até que pedi ao médico que operasse as amigdálas dele, pois, não era mais possível dar tantos antibióticos a uma criança, assim, foi feito, e quando o trouxe para casa, chorava sem parar, não havia mais o que fazer, o garoto em meus braços, chorando, chorando, sem parar, até que me pedistes para cantar pra Ti, foi assim mesmo, senti profundamente que pedias, comecei a cantar um hino, com a criança nos braços, ele foi se acalmando, acalmando, e daí a pouco dormia feito um anjo, no dia seguinte, ele esticou os bracinhos pra mim e pediu: - Mamãe, canta pra mim!? Começava a sentir o Senhor caminhar lado a lado comigo, já não me sentia só, já tinha um bom amigo que caminhava lado a lado comigo, sim o Senhor faz!... Agora, tenho que prestar uma homenagem ao Dr Giancarlo Barone, ele não se encontra mais entre nós, ele era uma pessoa bondosa e todo final de ano vestia-se de papai noel, promovia uma festa para os funcionários e lá vinha ele todo trajado a caráter na distribuição dos presentes e agradecimentos por mais um final de ano encerrado, era muito bonito, ele era amante das artes, promovia sempre vernisage, havia um salão apenas dedicado a esses eventos, houve uma vez que até o Amaury Júnior, fez uma cobertura de um evento que ele promoveu, pois é, o Dr Giancarlo, após as festividades do final do ano de 1989, saiu com a família para seu sítio no interior de São Paulo, e sofreu um terrível acidente de carro o qual perdeu a vida, estava com a família, que, graças a Deus aos demais não aconteceu nada, só fiquei sabendo desse fato no mês de Julho de 1990, mais precisamente em 23 de Julho de 1990, liguei para lá pra contar que já era mamãe, pois, meu filho nascera em 21 de Julho, aí a Alice uma colega minha, contou do ocorrido, fiquei muito triste mesmo, gostava muito do Dr Gian, ele mais parecia um pai e não um patrão, enfim, o mais triste ainda é que o sócio dele desfez a sociedade e assim, fiquei sabendo que a esposa dele tentou tocar a firma, mas, mesmo com a ajuda da Porto Seguro, parece que não deu certo, mas, espero que eles de uma forma ou de outra tenham conseguido novas colocações, havia muitos empregados na empresa, na minha lembrança, tenho apenas boas coisas a dizer do Dr Gian. E aí, se eu tivesse desistido de sair, talvez estivesse também entre os desempregados, é impressionante como na hora exata a gente toma direções que acabam salvaguardando nosso futuro, a verdade é que na vida há hora certa pra tudo, não adianta a gente fazer ou deixar de fazer, se algo nos move em outra direção a gente tem que observar o porque dessa situação, é como eu digo, a gente vê o aqui, o agora, mas o Senhor enxerga além do horizonte!...