Estando fora.

O tempo que passei em Santo Amaro, algumas vezes pensava em voltar pra casa, mas, ao ver que ainda não seria possível o retorno, imaginava como estaria minha casa, abandonada há quase seis anos, como estaria a lagoa Santa de Israel, como estaria o piso, ao sair havia acabado de colocar o piso, e olha, quando passo pela rua das Guitarras, o quintal de uma casa lá, tem o mesmo piso que havia acabado de colocar? Quantas vezes ao descer por lá, olhava e voltava o olhar, para ver uma vez mais, o piso que eu tinha lá!... Minha nossa!? será que tem gente morando lá? Como estará o mato, será que tampou a casa? Será que está muito abandonada? Todas as noites ao deitar, peço ao Senhor, por favor Deus, toma conta de lá!...Que teus anjos não deixe nada de mal acontecer lá? Casa abandonada, sabe-se lá?!... No momento meu Deus não é possível ir prá lá!... Alguma vezes tentei comprar algo por aqui mesmo, mas não deu certo, isto tá parecendo um sinal, que não é pra ficar!... Muitas e muitas vezes pensei em largar tudo e ir embora, muitas e muitas vezes pensei em voltar, mas, no fundo, não vai dar, que adianta eu estar lá se meu coração aqui ficar!? É melhor, eu deixar, esperar, resolver tudo o que há e só depois então, voltar? A casa, a casa há de esperar!... Pelos cantos aqui andei, pelos becos, pelas ruas e pelas vielas, pontes, estradas, avenidas e até em passarelas, mas, não consigo acostumar com o barulho infernal de carros correndo sem parar, de buzinas, de motos à voar, roncos estridentes de motores, as vezes parece até explosão de bombardeio, nossa! quanto barulho!?..., quantas freadas bruscas à assustar, a gente até pensa que desta vez; alguém, acabou de matar?..., corre-se ao portão e vê que somente é confusão de trânsito agitado e barulhento a invadir os nossos pensamentos, quebrando assim a rotina do silêncio e deixando ainda maior, as saudades e então volto à pensar como estará minha velha casa? Deve mesmo estar velha, apesar de nova, deve estar velha, velha pelo abandono, velha pelo descaso e pela falta de trato e de pintura nela, mas, ainda assim, ainda que velha, não vejo a hora de por meus olhos nela!... E o lugar, como estará o lugar? será que prosperou? terá chegado o progresso lá? Ou ainda estará no mesmo vagar, no mesmo largar, parecendo que nada existe a fazer neste lugar? Correrá as crianças pelas ruas, soltaram peões e pipas, ou quem sabe bolinhas de gude à rolar? Haverá barulho a rulhar, ou as ruas estão devagar, somente cavalos à pastar? Sem vozes e sem carros a passar? Como será que está a velha e boa Itaquá?!...