Lágrimas do Acaso

Lágrimas do Acaso

Meu nome é Jorge Arthur, sou da cidade do Rio de Janeiro e veio por meio desta para vos contar um relato do que aconteceu comigo e provar para vocês como a vida nada mais é do que uma caixinha de surpresas...

Sou formado em medicina faz sete anos, sou médico cirurgião e atendo a todos os tipos de emergências, sejam elas de dia ou de noite. Em uma destas noites, estava em minha casa com minha esposa a descansar quando o telefone que se encontrava ao lado de minha cama, em uma mesinha de cabeceira cor bege veio a tocar.

Era do hospital, havia duas operações a serem feitas e havia apenas eu “disposto”, era proveniente de um assalto ocorrido em Copacabana onde o criminoso e o homem que havia sido do alvo do mesmo estavam gravemente feridos, o criminoso estava bem mais ferido e encontrava-se quase que em estado terminal, o outro homem estava ferido também, mas não tanto quanto o criminoso...

Quando escolhi ser médico, fiz um juramento sagrado, de que atenderia qualquer que fosse o paciente seja ele pessoa de bem ou não, e ainda neste quesito havia outro juramento, o de atender sempre o que mais precisasse. Que neste caso haveria de ser o bandido.

Lembro-me como se fosse ontem, eram aproximadamente 02h45min da manhã, chovia bastante e o frio era intenso, arrumei-me rapidamente e saí deixando um recado para minha esposa.

Meia hora depois eu chegava ao hospital e fui direto a sala de cirurgias, vestindo-me nos corredores com a roupa apropriada para operação pedi a Deus que me abençoasse e salvasse a vida deste homem por pior que ele fosse...

Após sete horas sai da sala e a operação foi um sucesso, mas havia ainda outra operação, o outro homem que estava ferido. Ainda nos corredores a diretora do hospital veio me informar que o outro homem não havia resistido e infelizmente faleceu.

A consciência me pesou um bocado nesta hora, pois salvei um bandido e deixei morrer um inocente, mal sabia eu que a minha consciência ainda iria pesar muito mais...

Pedi para ver o corpo, andei um pouco mais e fui até a sala onde ele se encontrava, entrei por uma porta branca, observei o quarto todo e o corpo já estava coberto e pronto para ser levado ao necrotério, foi quando senti uma mão me segurando era a diretora do hospital. Ela pediu para que eu não visse quem estava ali, pouco entendi. Ela me puxou para fora da sala, e me contou que aquela pessoa, ou melhor, aquele corpo, era o corpo de meu pai...