Procura-se uma mulher para amar - parte 1

Procura-se uma Mulher para amar...

O vento soprava forte sobre a copa do coqueirais que se curvavam vertiginosamente ante a fúria selvagem da natureza. O mar se tornara bravio e arremessava suas ondas espumantes sobre a praia ameaçando navegantes e aqueles que ousassem sair mar a fora naquela paragem lúdica do litoral maranhense.

No alto da encosta onde ele construíra sua morada, mesmo com a janela fechada o vento sibilava pelas frestas e a luz acesa com candeeiro cambaleava contrastando com a fulizem do querosene e a meia sombra esparramada na parede branca resplandecia os bibelôs dispersos sobre o aparador com fotos de viagens memoráveis e lembranças inesquecíveis que iria lhe acompanhar para o resto da vida. Aquela noite prometia ser longa, fria e solitária, afinal, sua única companhia na figura de Zac um Dalmata com um pouco mais de um ano, deitado sobre o tapete da sala, já dormia. Ele, em ato inconteste desarmou a rede, buscou abrigo debaixo do edredom na cama, cerrou os olhos e esperou pelo sono, afinal, sonhando não seria tão solitário, e até podia se imaginar em grandes reuniões, ao lado da mulher amada ou simplesmente disperso entre familiares o que já seria um enorme consolo para quem já experimentava a solidão por três anos, a rotina da vida de um ilhéu em um lugar solitário e esquecido, onde as pessoas cuidavam de seus afazeres e a vida se constituía única e exclusivamente numa coletânea de exposições conexas que se encaixavam perfeitamente no organograma de sobrevivência social do trabalho árduo e sem limites, a destreza do caboclo que nasce enfrentando o mar e as tempestades e morre só o alento de haver tentado sobreviver onde somente os bravos continua a desvendar os mistérios que vão de além mar para além tumulo dos que já se foram mais continuam vivos nas lembranças dos que ainda aguardam o dia...

Entre a chuva, a força do vento que desafia e assusta ou das descargas elétricas dos raios que cortam os céus e iluminam os mares ao som estrondoso do arrepio é que surge resplandecentemente o sol da manhã de verão, o mar se acalmou e os ventos agora sopram compassadamente rumo ao norte, as embarcações deslizam sobre trocos de arvores rumo ao mar e logo esfumam suas velas rumo ao mar, a pesca que manterá vivos e felizes aqueles habitantes, seus sonhos e suas mentes. O largo uma cabeça de cabelos grisalhos mexia entre o crepitar das ondas, dando braçadas para alcançar a praia onde zac o aguardava balançando o rabo e murchando as orelhas em estagio de grande alegria. Assim fora nos dias de sol, um banho de mar antes do café da manhã e depois uma caminhada pela praia e, logo mais as lembranças voltavam à mente com a impetuosidade de sempre. O escritório, como estaria, será que ainda funcionava? Os poucos clientes ainda iam lá,? E os amigos, ou conhecidos como ele dizia, quantos restavam ou quem sabe até havia partido. É que os anos se passaram com num passo de mágica, seu corpo cansado envelhecera mais nem tanto, mais a sua mente itinerante era jovial e jamais deixara de fazer planos como agora, na terceira idade ele buscaria mais uma vez na net, uma mulher para amar, para compartilhar e que lhe desse carinho, amor e companheirismo era só o que ele precisaria para percorrer essa etapa final de vida, razão pela qual começara a escrever um conto que teria varias etapas e o faria circular no Canto do Escritor, porque á mantinha o email e quem sabe alguém até lesse e se interessasse por um homem de verdade que buscava da forma mais sucinta uma mulher para amar e fazer as pazes com a vida...