O MENINO E O PRÊMIO
O MENINO E O PRÊMIO
Sergio Pantoja Mendes
O auditório era imenso. Algumas dezenas de lugares, que em minha angústia, eram milhares; talvez milhões... Todos eles, tomados pelos alunos e por seus pais (alguns traziam até tios e avós; outros, traziam amigos)...
Uma sensação de medo, quase pânico, me coçava o peito; eu e minhas calças curtas... O momento maior se aproximava e eu seria seu protagonista... Ao medo, se misturava a vergonha causada pela timidez e a solidão...
De repente um susto. Ouvi meu nome. O momento chegara. O melhor, era requisitado ao aplauso. Por um instante, hesitei... Deveria ir ou fingir que não ouvira? Quem sabe, sair correndo?... Levantei-me. Todas as cabeças se viraram... Todos os olhos me fitaram... Não ouvi o aplauso que eu sabia estar alí... Eu tive tanto medo... Tanta vontade de chorar... Precisei tanto não estar tão sozinho... Todos alí estavam com seus pais... Por quê só eu não tinha os meus comigo?... Por quê tive que caminhar sozinho até o palco?... Por quê tive eu, tão menino, que enfrentar aquela solidão imensa?... Sem nem saber como, recebi a honraria...
Saí. Joguei fora a medalha e o diploma de melhor aluno da escola; no ano seguinte, parei de estudar...