SÓ DEUS SABE, SE MEREÇA! - Capítulo IV

CARO(A) LEITOR(A), ESTE CONTO É ESCRITO EM CAPÍTULOS. PARA ENTENDER MELHOR A HISTÓRIA, SUGIRO QUE LEIA OS QUATROS CAPÍTULOS ANTERIORES. UM ABRAÇO. MARIA LÚCIA.

Será que você pensa que sou louca também? Porque começo falando de mim, passo para os meus pais, termino em meus irmãos, mas eu sou tudo isso: minha família. Eu acho que a base de tudo é a família, sem a família, nada feito. Adoro minha família, meus irmãos, minhas cunhadas, a Fernanda e a Patrícia eu me dou tão bem com elas, às vezes as pessoas me falam que me dou bem com Patrícia, esposa de Thiago porque ele está lá no Rio bem longe, mas não é verdade, se fosse assim eu não me daria com Fernanda, porque o tanto que tem de Patrícia longe, tem de Fernada perto, ela mora em frente, se quiser falar com ela, não precisa nem telefone, basta chegar na grade que dá pra rua e gritar e ela aparece na janela de sua casa, sempre sorrindo, quando não sorri eu faço uma palhaçada e ela começa a sorrir.

Meus sobrinhos você nem imagina. Thiago tem um casal: Marcelo e Kelly, lindos, lindos. Armandinho só tem um por enquanto; Guilherminho, eu sou louca com esse menino! Ele é moreninho dos cabelos bem pretinhos, lisos, parece cabelo artificial.

Meu marido e meus filhos nem precisa dizer porque não existem, de tão lindos: Luciano, o mais velho, aliás, a mais velha é Elizabeth, já tem vinte anos, logo mais eu conto a história de Elizabeth. De quem mesmo que eu estava falando? Falando não, escrevendo. Ah! Do Luciano. Luciano é um garoto bonito, parece que quando crescer vai ser magro e alto, porque está com nove anos e está com um metro e trinta e cinco centímetros, é moreno claro, cabelos lisos e pretos. O do meio, o Érico é lindo, maravilhoso! É bem moreninho, quase da minha cor e dos olhos claros, mas não são verdes, nem azuis, são cor de folha seca, eu o acho o mais bonito dos filhos. Por fim a pequena Eliana. É fofinha, meiga, linda, morena clara, cabelos claros, compridos cacheados e olhos verdes. É a menina mais meiga que eu já conheci. Eu sou suspeita para falar da beleza dos meus filhos, mas o que eu posso fazer? São todos lindos mesmo. Pode perguntar a qualquer um para você ver. Ah! Esqueci de falar a idade dos dois últimos. Érico tem sete anos e Eliane, cinco.

Bom, agora vou falar de mim, já deu para você me conhecer um pouquinho, não é? As pessoas falam que eu sou louca, mas não sou não, é conversa fiada delas. Não acredite! Louco é quem me chama. Às vezes eu tenho vontade de falar:"louca é a mãe!" Mas eu não falo, porque "mãe" é uma pessoa muito importante para todo mundo. Meus filhos viram fera quando ouvem falar assim de mim. Mas aí eu falo pra eles:"Loucos são eles, bobos, não ligam pra o que eles falam não. Vocês me acham louca?" Aí eles falam: "Não." "Então tá vendo, bobagem se preocupar com isso."

Como eu disse no início, eu nasci muito feia e raquítica, mas depois fui crescendo e ficando mais gordinha. Tive uma infância maravilhosa! Graças a Deus, eu agradeço muito a Deus porque tem tanta criança por aí que não tem nem um leitinho para beber. Eu adoro criança, mas ninguém deixa eu segurar as crianças no colo, sera por quê? Ah! Eu não ligo, só de ver as criancinhas no parque brincando eu fico satisfeita. Eu vou no parque com meus meninos, mas sempre a Catarina vai também. Catarina é a babá dos meninos.

-Ah! Catarina pode ir embora, que eu tomo conta dos meninos. - Sempre falo pra ela.

- Não, dona Helen, eu fico também, não tenho nada pra fazer. - ela fala.

Um dia escutei ela falando pra colega dela que "Seu" Carlos, o meu marido, falou que não era para deixar eu sozinha com os meninos. Não sei porque... É certo que é porque quando eu brinco com eles, às vezes me dá vontade de apertá-los, mas é só carinho que eu faço. Outro dia eu estava apertando o Érico e falando que ele era o meu filho querido, só que eu não vi e ele estava ficando roxo, aí Catarina chamou Carlos, que estava no banho e saiu do banheiro com a toalha enrolada naquele corpo lindo e falou pra mim: "Solta o menino!" Eu vou te contar um segredo: Às vezes eles não deixam eu carinhar meus filhos, aí eu brigo, choro. Aí Carlos me dá um comprimidinho e eu durmo. Mas eu gosto tanto de criança e de velhos! Mas eles não deixam eu abraçar os velhinhos quando eu vou ao asilo.Um dia eu escutei o encarregado do asilo falar assim: "Fecha a porta, a Helen já vem." Eu fiquei triste, aí eu joguei um tijolo nele, mas não foi para machucar, só pra mostrar pra ele que eu podia fazer alguma coisa, se ele não deixasse eu entrar. Foi engraçado, quando eu estava lá conversando com os velhinhos, Armandinho e Fernanda chegaram e me chamaram para ir embora, mas eu gosto tando de ir ao asilo e ao orfanato, pena que a cidade que eu moro só tem um. É uma cidade pequena. Eu quero ir à capital qeu têm muitos asilos e orfanatos, mas Armandinho, nem Carlos não deixam eu ir sozinha, bem que eles podiam me levar, mas eu sei que eles têm seus trabalhos e não podem deixar para ficar andando comigo. Depois do acidente nunca mais sai sozinha. Que acidente? Ah! É mesmo, eu ainda não falei do acidente, mas não se aflija, eu vou te contar.

Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles
Enviado por Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles em 16/11/2006
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