O QUE VALE A PENA

Um telefonema no final da manhã, risadas e algumas palavras trocadas, informações atualizadas e compartilhar de compromissos. Sem perceber aqueles dois estavam avançando no caminho do ser par. Não importava o tempo: seu intento era dia por dia.

Era sol num canto e no outro, distante, previsões de chuvas. Calor ali, frio acolá. Naquele momento pelo menos um deles não se lembrou da noite anterior que poderia influenciar o transcorrer da tarefa daquela tarde. Pode ter passado desapercebido, mas há efeitos que perduram invisível e indelevelmente.

Ao seguir pela estrada, acompanhado de tão distinta autoridade, o asfalto de repente se transformou em pista de patinação no gelo! Tornara-se escorregadia, a despeito da baixa velocidade desenvolvida no automóvel. A combinação de chuva e óleo fez com que muitos rodopios fossem vistos naquele instante.

Não, não era cena de filme. Nos filme há muitas cambalhotas, chamas fumegantes e explosões. Para eles, uma única tombada, e o carro se arrastando vários metros adiante antes de finalmente parar. Saíram com dificuldade pela única porta desimpedida e constataram-se intactos. Nenhum arranhão e o susto enorme. A tecnologia dos cintos-de-segurança automobilísticos vez mais comprovara a necessidade de seu uso.

Como é de se esperar nessas situações, a fila de caminhões imediatamente se formou, a solidariedade desses anjos do asfalto e a intensidade de emoção daqueles dois que vivenciaram tal experiência demonstraram que união é força: colocaram o veículo em sua posição normal, e agilizaram as demais providências necessárias de resgate.

Detalhes não havia desses momentos, no telefonema do final da noite. Além da participação do acontecido, susto e preocupações iniciais, existia naquele canto abafado a certeza de que “tudo tem um propósito. Não há acasos, e acidentes são oportunidades para sermos criativos e para auto-superação”.

Era bom ouvir aquela voz, bem. Desejava trazer um pouco da alegria e da descontração do final da manhã para o final da noite e contribuir para que tudo, tudo valha sempre viver.