Nestes dias de um céu azul, límpido, comuns aos meses de abril e maio, lembrei-me da minha infância e pré-adolescência, que foram as melhores épocas da minha vida. Criado em zona rural, pés no chão, natureza. Numa vila onde as ruas tinham pés de flamboyant, oiti, genipapo. Os muros das residências em sua maioria eram de cercas vivas. No quintal da minha antiga casa na frente duas frondozas amendoeiras e um pé de acácia, que ao entardecer ouvia-se o barulho das cigarras reverenciando a natureza. Nos fundos duas mangueiras, dois pés de jaca, uma goiabeira e muitas plantas. Eu, meus irmãos e amiguinhos nos divertíamos muito, jogando bola de gude, futebol. De vez enquando assaltávamos a fazenda em frente à minha casa, coisa de crianças, fora as plantações de laranjais, cana de açúcar.
Foi um tempo maravilhoso, tínhamos infância e o mundo não era tão violento. Até que um dia resolvi rever o lugar onde nasci e cresci. A visão do que vi tirou-me os pés do chão. Fiquei perdido, horrorizado, tudo se transformou num mar de cimento, numa selva de pedras. E por incrível que pareça a "única" árvore que sobrou daquele holocausto foi o pé de acácia com suas flores amarelas, um momento das doce recordações. Talvez estivesse esperando por mim...
Francisco Dellanno
Enviado por Francisco Dellanno em 04/05/2011
Código do texto: T2948746
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