Depoimento: Meia Maratona do Rio 2010

Mudei de opinião. Acho que definitivamente.... Sim, corrida pode ser um esporte radical em qualquer distância percorrida. Depende apenas da intenção do praticamente. Não aconteceu nada de especial ao longo desses 21 km e mais alguns metros. Acho que foi apenas uma intuição pós-prova.

Passo no almoço de massas da equipe para pegar meu kit (camiseta, chip etc.). Tempo chuvoso. Frio, para padrões cariocas. Um pensamento sem sentido passa pela mente: “se eles erraram e estou inscrito na maratona? Seria interessante, o clima está perfeito!” Sem qualquer treino recente para isso, com longões já distantes, não seria uma boa opção. Gostaria desse ótimo clima ao me arriscar nessa distância, mas essa surpresa faz parte do desafio.

Saio de casa no escuro. Garoa fina, no pior estilo São Paulo. O ônibus aparece poucos minutos depois. Tudo certo. Ainda alguns quilômetros distante, o trânsito pára por completo. “engarrafamento às 6:30? Isso é radical até para os padrões da Barra!” Alarme falso, apenas uma demora na entrada do túnel. Corridinha de aquecimento no trecho ponto de ônibus – largada. Quem chega tarde, fica no final da fila... Procuro algum espaço.

Todos prontos. Uma verdadeira multidão se aperta e aguarda a largada. Os minutos passam e nada do sinal verde, do tiro... O locutor animadamente informa que aguardam autorização da grande emissora de TV que transmitiria o início do evento ao vivo. Mais espera... O tom é de comemoração. “Apareceremos na TV!” Uma coisa é influenciar na escolha do horário, outra bem diferente é deixar milhares esperando na chuva e no vento, comprometendo o aquecimento e aumentando as chances de contusões! Depois da prova, conversando com um amigo, ele interpreta que o locutor quis “queimar” a emissora. Faz sentido, mas confesso que na hora a impressão não foi essa.

Guardo uma relação muito especial com essa prova. Foi a minha primeira corrida, em 2008. Ano passado, feita a inscrição antecipada para aproveitar os preços “mais doces”, uma problema de saúde me impediu de correr. Um grande desperdício, para um ex-pão-duro (existe isso?) assumido. Bom, fica a ambigüidade.... Não sou pão-duro ou não assumo? Correr esse ano tinha um sabor de “voltei, estou muito bem e vou mais rápido!”

Grandes provas, quantitativamente falando, estão mais próximas de uma festa, farra mesmo. Gosto de correr pela movimentação, pelo desafio. O processo como um todo. Não sou “fissurado” por marcas e recordes pessoais. Sei meus melhores tempos, gosto de superá-los, mas não é o foco. É a conseqüência do esforço, um bônus, eu diria.

Estou melhorando, embora corra a distância abaixo das duas horas, estou ainda longe dos melhores tempos. Certamente atrapalhei muitos colegas mais velozes. Lembro da indignação de um amigo, figura fácil no trânsito recreio-centro: “eles não saem da minha frente!” É, sei como é, meu caro Gustavo! E muitos que me ultrapassaram também!

Aquele aglomerado me cansa... Só gosto de saídas de Maracanã com grandes vitórias. E agora a multidão era uma barreira que impedia meu progresso para a linha final. No geral, a organização da prova foi ótima – mas a água deve ser sempre gelada! Para incluir mais gente com conforto, ajustes de espaço são urgentes! O Rio tem um cenário fantástico, isso é indiscutível. Outra coisa importante é dividir a largada em zonas de tempo final. Isso é melhor para todos!

Melhorei meu tempo de 2008 em 04 min e 29s, com muita alguma facilidade na corrida e muito treino adicional ao longo do ano. Terminar rápido é o grande final. Acho melhor que bater recorde pessoal e finalizar mais lento. Fiz os últimos 3 km abaixo de 4:45 min/km. Em 2011, largarei do Recreio! Quem sabe não é mantida a promoção desse ano, de inscrição gratuita na maratona para quem completou a meia no ano anterior.... OPS! Eu era ex o quê mesmo, hein? Acho que foi reflexo condicionado...

ARunning
Enviado por ARunning em 10/05/2011
Reeditado em 10/05/2011
Código do texto: T2960824
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