Resposta

Ele estava sozinho e fazia tempos que não ficava sozinho em casa. Não era por que ninguém o deixava em paz, mas por que ele não gostava de ficar em paz. No passado era um depressivo solitário, mas conseguira superar a dor da solidão com o amor familiar.

Casara com uma linda mulher e tinha bons filhos, davam problemas de vez em quando como qualquer bom filho, mas eram sua alegria sempre. Os amava acima de tudo e cada um na família a complementava. Também teve a sorte de poucos e conseguira casar com o amor de sua vida.

Sua mulher havia conseguido um emprego recentemente e com seus filhos agora mais velhos e estudando em tempo integral, alguns horários durante a noite ele ficaria sozinho. Ficava perguntando se iria ter que combater seus demônios como antigamente, se eles voltariam a lhe atormentar e se aquilo definharia de novo sua vida.

Agora se olhava frente a um espelho, nos próprios olhos, e sentia suas velhas amigas vindo lhe atormentar. No reflexo de suas próprias pupilas ele começava a contemplar ali mais uma vez seus demônios, incerteza, depressão, solidão... Tudo que ele fez foi apenas sorrir de volta. Finalmente ele tinha o que era preciso para confrontar a si mesmo.