MEMORIAS DO BUSCAPÉ = Capítulo 20 = BUSCAPÉ, O CHAUFEUR
BUSCAPÉ, O CHAUFEUR
Na primeira década do século passado começaram a chegar ao Brasil os primeiros carros importados e o Coronel Mesquita comentava:
— Dizem que pode correr até 30 quilômetros por hora! Isso é um absurdo! Quem conseguiria dirigir um carro com essa velocidade?
Eram caros, coisa de gente rica e extravagante, pois não se imaginava, então, que um carro pudesse ter utilidade prática, mas o Coronel encantou-se com a máquina e quis adquirir uma.
E agora? Quem ia dirigir o possante?
O Buscapé! Isso mesmo! Ele era educado, inteligente, sabia até ler, era ajuizado e o Sinhô confiava nele.
Buscapé aprendeu a manejar o carro, ganhou um uniforme com boné e tudo, o que o deixou muito vaidoso.
Maneco ia ao seu lado. Era o ajudante. Tinha que carregar as latas de gasolina e abastecer o tanque, encher o pneu com uma bomba se esse esvaziasse e, muitas vezes descer para abrir uma porteira ou tirar um empecilho maior da frente.
O Coronel viajava agarrado ao encosto do banco.
— Mais devagar! Olhe o toco! O buraco!
Quase morria de medo, mas queria viajar de automóvel.
A Sinhá, então, nem pensar:
—Nem amarrada eu entro nessa coisa.
Os meninos estavam toda hora inventando pretextos para ir à cidade, só para andar de carro. Queriam guiar “só um pouquinho”, mas o Coronel deu ordem para o Buscapé não deixar ninguém dirigir e ele mesmo, embora não admitisse, tinha um pouco de medo da maquina maravilhosa.
Foi ele que ensinou os netos do Coronel a nadar, atirar com estilingue, jogar bilboquê, assobiar para chamar passarinho e mais uma porção de coisas que os negros nasciam sabendo, mas os brancos tinham que aprender.
Um dia lhes ensinaria a dirigir, mas só depois de 20 anos. Ordem do Sinhô!
E o Buscapé se sentia poderoso, importante, mandando nos netos do Coronel.
Imagem do google
Obrigada pela visita e comentário
BUSCAPÉ, O CHAUFEUR
Na primeira década do século passado começaram a chegar ao Brasil os primeiros carros importados e o Coronel Mesquita comentava:
— Dizem que pode correr até 30 quilômetros por hora! Isso é um absurdo! Quem conseguiria dirigir um carro com essa velocidade?
Eram caros, coisa de gente rica e extravagante, pois não se imaginava, então, que um carro pudesse ter utilidade prática, mas o Coronel encantou-se com a máquina e quis adquirir uma.
E agora? Quem ia dirigir o possante?
O Buscapé! Isso mesmo! Ele era educado, inteligente, sabia até ler, era ajuizado e o Sinhô confiava nele.
Buscapé aprendeu a manejar o carro, ganhou um uniforme com boné e tudo, o que o deixou muito vaidoso.
Maneco ia ao seu lado. Era o ajudante. Tinha que carregar as latas de gasolina e abastecer o tanque, encher o pneu com uma bomba se esse esvaziasse e, muitas vezes descer para abrir uma porteira ou tirar um empecilho maior da frente.
O Coronel viajava agarrado ao encosto do banco.
— Mais devagar! Olhe o toco! O buraco!
Quase morria de medo, mas queria viajar de automóvel.
A Sinhá, então, nem pensar:
—Nem amarrada eu entro nessa coisa.
Os meninos estavam toda hora inventando pretextos para ir à cidade, só para andar de carro. Queriam guiar “só um pouquinho”, mas o Coronel deu ordem para o Buscapé não deixar ninguém dirigir e ele mesmo, embora não admitisse, tinha um pouco de medo da maquina maravilhosa.
Foi ele que ensinou os netos do Coronel a nadar, atirar com estilingue, jogar bilboquê, assobiar para chamar passarinho e mais uma porção de coisas que os negros nasciam sabendo, mas os brancos tinham que aprender.
Um dia lhes ensinaria a dirigir, mas só depois de 20 anos. Ordem do Sinhô!
E o Buscapé se sentia poderoso, importante, mandando nos netos do Coronel.
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