Um “busu” muito louco...

Era uma quinta-feira por volta de 20h, duas amigas saiam da faculdade e resolveram ir a um bar jogar conversa fora. Foram juntas caminhando até o ponto de ônibus e entraram no primeiro que passou. Não poderiam imaginar as emoções que estavam por vir nessa viagem muito louca...

Logo ao passarem pela catraca perceberam que tinha algo diferente no ar, todos os passageiros estavam rindo. O motorista e o cobrador estavam num alto astral tamanho. Ao caminharem um pouco pelo ônibus uma das meninas reconheceu uma senhora sentada no primeiro banco do ônibus como sendo uma doida que vende amendoim da Pituba a Barra e que outro dia estava agarrando um garoto no ônibus e beijando-o no braço.

Depois de percorrerem o corredor, sentaram-se próximos da “confusão” e foi aí que a viagem ganhou ares de filme de comédia. O cobrador e o motorista estavam brigando “pelo amor” da doida. Logo, outro passageiro inteirou as meninas na história de amor que estava se configurando naquele ônibus: a doida queria entrar pela frente, de carona, mas o motorista não queria deixar, pois é proibido. Logo, o cobrador que estava sentado próximo resolveu defender a entrada da doida dizendo que o motorista deixava entrar malandro e não entendia o porquê de não deixar a doida entrar pela frente. Eis que a doida começou o seu show:

- Motô, se o senhor deixar eu entrar pela frente eu te dou um pouquinho... Você não vai se arrepender! – ao terminar de falar isso passou a língua pela boca numa tentativa frustrada de parecer sexy.

O cobrador não se deu, e começou a perturbação nas imediações do Rio Vermelho (antes das meninas entrarem). Visivelmente enciumado o cobrador começou zoar com o colega perguntando que pouquinho era aquele. E de repente, os passageiros do ônibus pareciam ser antigos conhecidos e estavam todos interagindo. Quando as meninas entraram a bagunça só fez aumentar.

Devidamente alocadas nas cadeiras próximas a “confusão”, a doida começou a resmungar que nem o motorista e nem o cobrador davam atenção para o pouquinho dela. Numa briga mediúnica com ela mesma se retou e solicitou ao motorista que abrisse a porta nas imediações do Cristo. O cobrador de lá do fundo do “busu” começou a gritar:

- Já chega entrando pela frente que é errado e ainda quer que o motorista pare fora do ponto de ônibus!

Eis que o motorista vira pra doida que estava com uns pacotes de amendoim e fala:

- Doida, esse amendoim aí é remédio pro cobrador. Lembre-se disso quando for dar o pouquinho dele! – risos.

A doida não perdeu tempo e mandou o motorista tomar naquele lugar. Ele não resistiu e começou a rir. Foi quando uma das meninas começou a contar a historia do dia em que a doida tava agarrando o pobre do menino, ela o abraçava, o beijava e ao mesmo tempo se esquivava da tarada do amendoim. O motorista teve uma crise de riso, não sabia se dirigia ou se olhava pras meninas que estavam as gargalhadas.

Após a doida ter descido do ônibus, o cobrador começou a encenar a história toda com uma riqueza de detalhes hilária. E o motorista só fazia rir.

- A maluca sentou atrás de mim e começou a me acariciar depois de cantar o motorista. Eu tentava me esquivar e o motô só incentivando a doida a investir em mim. Foi então que começamos a jogar a doida um pro outro.

A resenha então começou entre todos os passageiros, inclusive as meninas que ficaram tirando sarro do motorista e do cobrador. Depois de alguns minutos de conversa, a amiga que tinha reconhecido a doida já estava super brother do cobrador, conversando animadamente sobre o número de corridas que eles faziam, a hora que ele pegava no trabalho e deixa. Quem estava de fora achavam que os dois eram grandes amigos.

Infelizmente, chegou a hora das meninas descerem. Ao se dirigirem a escada, uma delas virou para o motorista e disse:

- Rapazes não briguem, dividam a doida. Ela tem um pouquinho para cada um.

Todo mundo riu e as meninas foram embora com a sensação de que definitivamente as pessoas não entram em nossas vidas por acaso, mas amizades podem surgir do acaso, ou melhor, de situações inusitadas. Essa é a história de como surgiu uma amizade entre duas amigas que até então eram apenas colegas de faculdade.

SHEL AHMAD
Enviado por SHEL AHMAD em 23/05/2011
Código do texto: T2987542
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