SÓ DEUS SABE, SE MEREÇO! - Capítulo XVI

CARO(A) LEITOR(A), ESTE CONTO É ESCRITO EM CAPÍTULOS. PARA ENTENDER A HISTÓRIA SUGIRO A LEITURA DOS TREZE CAPÍTULOS ANTERIORES. UM ABRAÇO. MARIA LÚCIA.

A gente não pode parar de viver. Mas uma parte da gente vai com a pessoa que a gente ama, por mais que tentamos disfarçar, mas não conseguimos na totalidade.

Às vezes, você pode pensar que não há razão para que terminasse o conto começado por Helen, mas quando remexendo nas coisas dela, deparando com aquelas escritas, tive curiosidade em ler e achei que era importante terminar, pois não teve tempo de terminá-lo. Pensei muito, talvez não seria justo terminar uma coisa iniciada por ela, mas foi a maneira mais viável de declarar meu amor, porque falando, alguém pode até achar estranho, que geralmente os homens não dizem o que realmente sentem, eu não sei se é por causa da natureza masculina, ou é machismo mesmo. E não sabemos de quem é a culpa, porque a criança desde que entende alguma coisa já ouve a velhas frases: "Homem que é homem não chora, não faz isso, não faz aquilo..."

Isso tudo não existe! Vale mais é o que a gente pensa. Aprendi com a Helen. Eu choro, mas choro muito, quando a saudade aumenta que fere lá dentro, bem no fundinho do coração, as lágrimas descem pra valer.

A gente pensa não poder mais viver, mas têm os nossos filhos e Elizabeth que a considero como filha também, que precisam muito do apoio do pai. Sinceramente, depois de um ano, agora que as coisas estão começando a tomar novo rumo, pois ficou muito desgovernado, você nem imagina... Só Deus sabe o que estou passando. Trabalho normalmente, os meninos estudam normalmente, mas quando chega a noite, cada um entra para seu quarto e não se ouve mais nada, até o outro dia para começar a vida lá fora de novo...

Vou sempre ao cemitério, sento-me ao seu túmulo e fico olhando a sua fotografia: linda, sorridente! O sorriso de Helen era muito cristalino, era uma das coisas que mais gostava de fazer, era por isso que não envelhecia, tinha o rosto muito liso, bem tratado. Sempre costumava dizer que o rosto das pessoas era a expressão da alma.

Gostaria de expressar o meu amor, na pedra de seu túmulo, mas não sei fazer poesias. Lendo uma vez uma poesia de Luís de Camões, resolvi mandar gravá-la em sua última morada. Na verdade é um soneto que diz assim:

" ALMA MINHA...

Luís de Camões

Alma minha gentil, que te partiste

tão cedo desta vida descontente,

repousa lá no céu eternamente,

e viva eu cá na terra sempre triste!

Se lá no assento etéreo, onde subiste,

memória desta vida se consente,

não te esqueças daquele amor ardente,

que já nos olhos meus tão puro viste.

E, se vires que pode merecer-te

alguma coisa a dor que me ficou

da mágoa sem remédio de perder-te,

roga a Deus, que teus anos encurtou,

que tão cedo de cá me leve a ver-te

quão cedo dos meus olhos te levou!"

Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles
Enviado por Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles em 24/11/2006
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