ela voltou.
Ela corria ansiosa de um lado pro outro louca pra que a semana passasse logo, junto com sua tristeza. Corria rezando pra que a noite acabasse e virasse dia, para falar com ele, para ouvir sua voz dizer “estou indo,mas volto. Te amo.”
E ela pensava.
Sua cabecinha infantil maquinava mil estratégias, todas muito geniais pra ela. Todas dariam muito certo.
Passou a madrugada ouvindo Gainsbourg sussurrar L’Histoire de Melody Nelson e tomou uma decisão, talvez a mais importante de sua vida: chegou a hora de mudar - pensou ela - de tomar uma atitude. Vamos parar com essa bobagem e aceitar a felicidade, larga a mão de ser besta, menina!
Assim, com um sopro de consciência e equilíbrio vindo de algum lugar que a muito não se manifestava, a menina acordou para a vida e cantou alto, alto o suficiente para incomodar os vizinhos. O que importa? Ela voltou a ser como antes, acordou do transe, isso merece uma festa! Uma comemoração!
Cervejas! Vinho! Música!
Ela voltou!
Ela voltou.
Voltou porque ele pediu, porque ela o ama, porque eles se amam.