A MUDINHA

 Quando os pais de Mônica souberam que ela era deficiente auditiva. Que isso era irreversível e que em consequência ela nunca aprenderia a falar, ficaram desesperados.

A menina era linda, mas que seria dela uma surda-muda pobre, sem ter como trabalhar para manter-se quando os pais se fossem? Estava destinada a mendigar!

A principio a ideia pareceu cruel, desumana, mas depois de muito ponderar chegaram à conclusão de que a única oportunidade para ela ter uma vida digna era ser adotada por alguém que pudesse sustentá-la e a menina foi entregue ao Juizado de menores para adoção.

Aconteceu, porem que não foi possível encontrar pais dispostos a adotar uma criança deficiente e ela acabou sendo encaminhada a um Abrigo onde teve uma infância muito triste.

As outras crianças caçoavam dela, não deixavam participar das brincadeiras e quando os possíveis pais adotivos vinham escolher crianças para adotar ela sempre era excluída.

As crianças viam a adoção como um conto de fadas, achavam que uma vez adotadas teriam todos seus sonhos realizados e como não é bem assim, muitos voltavam depois do período de experiência.

Mas para a Mônica nem esse sonho era permitido. O máximo que faziam era elogiar sua beleza e lamentar sua limitação. Ninguém nunca a convidou para um fim de semana, o Natal ou a Pascoa ocasião em que muitos iam passar uns dias alegres, conhecer um mundo que não era o seu e voltar mais embutidas ainda no desejo de serem adotadas para viver para sempre no mundo encantado de  festas, presentes e fartura,

Tudo mudou na vida de Mônica no dia que Aurea, uma estudante de LIBRAS soube de sua existência e veio convidá-la para participar de um trabalho que estava fazendo com crianças surdas.

Aurea e Mônica tiveram desde o primeiro contato uma empatia muito grande. Mônica era muito inteligente e em pouco tempo estava conseguindo se comunicar por sinais e logo mais começou a ler e escrever.

Tornou-se a líder do grupo, ajudando aqueles que tinham mais dificuldade para aprender.
Era uma preciosa colaboradora para Aurea, pois sabia por experiência própria o que a outra sabia teoricamente.

Um ano depois Aurea conseguia permissão para levá-la consigo em uma viagem de estudos e aperfeiçoamento da língua de sinais.

E algum tempo depois veio a adoção.

Aurea e Mônica são agora mãe e filha.

A vida às vezes nos leva por caminhos tortuosos até nosso destino, mas há sempre uma luz à nossa frente, só é preciso que tenhamos olhos para vê-la.  

                       

 
                 
Este texto faz parte do Exercício Criativo – OUVIDOS MOUCOS.
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MEMORIAS DO BUSCAPÉ = a sua novela virtual = Cap 25 = O DIA DOS NAMORADOS
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Maith
Enviado por Maith em 17/06/2011
Reeditado em 17/06/2011
Código do texto: T3040217