até quando...

É... quando da algazarra dos passarinhos eu acordo. Aquela gritaria não era tão habitual desde quando podei com radicalidade a astrapeia que adentrava pela janela. Vez em quando eles continuam pela janela a cantar, berram entre si ainda na penumbra. É, sim, tenho fissura em acordar quando a luz do dia vem com vagar, com a fricção gutural daqueles seres. Depois, faço não-sei-quê.
  Faço café e o bebo; uma barra de cereais de banana com chocolate. Duas barras. Sento ao computador a revisar um texto. Noite passada escrevera, sorvendo umazinhas escrevera achando que escrevia bacana. Que nada — nem com meio nem com mensagem!
  Fico ali, resmungado corrijo aquelas coisas desengonçadas até a empregada chegar.
  Posso te ajudar em alguma coisa?
  É... estou furibundo comigo... rascunhei achando que compusera um jardim todo florido. Estou furibundo comigo, semeei numa terra árida!
Posso te ajudar em alguma coisa?
  O café que bebi quase regurgito aturdido com a pergunta insistente posso te ajudar em alguma coisa quando diz pra responder que qualquer socorro é bem-vindo que não consigo digitar coisa que preste...
  Foi então, ela foi para a cozinha falando que poderia me socorrer com a comida que eu quisesse comer...
  É, e a como quando?
  Quando você quiser...
  O teclado fez tecle-tecle... dedos respondem ao que pesquei naquela lagoa solícita. Disseram que quando eu estiver pronto eu como. Meus dedos que já haviam suicidado um personagem-protagonista, sem remorso gaguejam Quan... quan-do... (fluxo & refluxo)
  Desço ao quintal. Fico a contemplar as flores renascidas do manacá. (acabara o inverno, graças!) Pedi forças a mim mesmo não sorver nenhuma umazinha, nada até quando àquela hora d’eu estar pronto. Fico a olhar, mirar a chegada da primavera nas folhas, na chuva, no mormaço. Pedi forças a mim mesmo não sorver nenhuma umazinha, nada até quando àquela hora d’eu estar pronto.
  Foi quando um sabiá com seu peito laranja estufado surge no galho do jamelão, sorri pra uma sabiá... pisca um olho e convida serem parceiros eternos até quando a eternidade durar, assim fazerem muitos sabiazinhos.
  Foi quando despertei — posso partir tranquilo —, tudo continua... até quando...

 
Germino da Terra
Enviado por Germino da Terra em 03/07/2011
Reeditado em 03/05/2012
Código do texto: T3072217
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.