As árvores

Está uma noite tranqüila. Uma brisa sopra com freqüência e isto torna o clima mais agradável. Na lateral esquerda da praça, ficam três majestosas palmeiras, que coroam de beleza e transformam num cartão postal aquele local da cidade.

Este horário permite que as crianças venham brincar no calçadão da praça. Os pais as trazem consigo. Enquanto conversam uns com os outros, as crianças brincam.

Lúcia está sentada com mais dois amigos no banco que fica à frente das palmeiras majestosas. Os três conversam e sorriem. Um deles é namorado de Lúcia.

A garota comenta agora sobre as férias que se aproximam. Ela e o namorado vão para a casa dos avós dele. Passarão metade das férias lá. O amigo escuta com atenção. Fica em silêncio.

Lúcia comenta sobre o domingo próximo. Combina com o namorado a ida à pizzaria da cidade. O amigo escuta, sorri e permanece em silêncio.

Escuta-se o grito de uma criança que, ali perto, cai do seu brinquedo e fere o joelho. Os três desviam o olhar para lá e percebem que os pais da criança aflitos a socorrem.

Lúcia acaricia o rosto do namorado, pergunta-lhe alguma coisa ao ouvido e os dois sorriem. O amigo olha para os dois. Também sorri e permanece em seu silêncio.

O amigo olha Lúcia nos olhos. Ela abraça o namorado e os três passam a conversar sobre as provas do colégio.

Decidem ir embora. O vento sopra mais forte e se faz percebível nos movimentos das palmeiras. Elas lutam insistentemente contra o vento.

Lúcia e o namorado saem de braços dados e o amigo os acompanha. Na avenida, o casal segue. O amigo decide ficar.

O amigo, agora sozinho, senta no outro lado da praça. Lá perto tem dois jambeiros, que ornamentam aquela lateral. O relógio da igreja bate vinte e duas horas. Ele confere com o seu. Vinte e duas horas.

Olha a avenida e percebe uma garota cruzá-la e seguir para uma rua mais deserta. Levanta-se, olha os dois jambeiros que não se aquietam por causa do vento e a segue.

Os dois jovens sentam numa calçada alta de uma casa abandonada. É uma rua pouco iluminada.

-Demorei?

Após algum tempo, ele responde friamente:

-Pensei que já tivessem ido curtir as férias na casa dos avós.

Ela escuta com atenção. Fica em silêncio. Ele ainda fala:

-Precisava te dizer que no domingo não estarei aqui.Vou com minha prima para o interior dos meus pais.

Ela escuta, sorri e permanece em silêncio.

O amigo retira uma fotografia do bolso. Na foto, ele abraça uma bonita garota. Um abraço muito carinhoso.

-Veja a foto dela.

Naquela rua mal iluminada, Lúcia ainda consegue perceber o quanto a garota é bonita. E o quanto os dois estão próximos. Ela olha para a fotografia dos dois, sorri e permanece calada.

Ele também silencia.

Lúcia olha para um enorme terreno que há em frente ao local que estão. Conta quatro coqueiros, que parecem lutar contra o vento insistente daquela noite.

Apenas o silêncio sai vitorioso.

Nonato Costa
Enviado por Nonato Costa em 05/07/2011
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