ShortStory Revival

Esse texto é uma adaptação livre do primeiro conto que escrevi circa ’94 quando eu estava fazendo a transição da poesia medíocre para um outro método de escrita. Com o passar dos anos larguei de vez a arte de versejar e decidi definitivamente me fixar em prosa. Está contido nessas linhas apenas a essência do original que sempre deve ser preservada. O nome da história original é apenas ShortStory e permanece inédita porque os manuscritos foram perdidos a mais de uma década. (N. do A )

Naquele tarde de inverno curitibano ele ligou para sua mais recente paquera dizendo que não iria sair com ela e sim que queria rever seus amigos queridos e ficar bebendo sua cerveja e falando de futebol. Ela assentiu, mas perguntou onde ele estaria. Aqueles ainda eram dias em que o celular e os carros eram exclusividade de gente endinheirada e não se via qualquer zé-ninguém com esses acessórios. Ele informou que no bar de sempre. O que ficava mais próximo de sua casa. Ela pediu docemente que ele ligasse no dia seguinte. Ótimo – ele pensou – um dia só para mim, afinal há quatro meses estamos brincando de casinha e bancando o casalzinho. Não que ela fosse um porre. Uma megera. Uma chata de galochas. Pelo contrário. Era até interessante e sua beleza ruiva e alva lhe chamava a atenção. Estavam se conhecendo, por assim dizer. Quatro meses não é nada. Ele pegou suas chaves, trancou sua casa e encaminhou-se ao bar, fumando seu mata ratos de filtro amarelo. Pensava um pouco na menina e não imaginava o que tinha atraído nele. Afinal a diferença de sete ou oito anos naquelas épocas passadas ainda era considerada uma diferença. Salve a mutabilidade de todas as coisas! Ele chegou ao bar e foi saudado pelo atendente do balcão e pelo proprietário. Seus amigos já estavam lá enchendo seus copos e confraternizando com o bebuns presentes. Pediu sua primeira dose. Tomou de um trago só e acionou seu isqueiro para fumar outro cigarro.

-Como vai o bas-fond, poeta? Provocou um amigo de infância de cabelos louros, baixo, atarracado e muito bem humorado.

-Estou com uma paquera firme agora, xará? Respondeu ele.

-E vai? Insistiu seu amigo.

-Sei lá. Respondeu e as gargalhadas estouraram.

Passaram então a falar sobre a nobreza e as qualidades de todas as mulheres e todos os presentes agora engrossavam a roda e queriam emitir suas opiniões. Ora, todo mundo tem sua versão da história. De todas as histórias. De todos os anseios humanos. Ou não? A cerveja agora rolava farta e fácil. O frio chegara com tudo apesar de ainda ser um dia claro e bonito que parecia prenunciar uma geada na madrugada. Uma sensação estranha de liberdade tomava conta do seu ser e ele queria se encharcar. Queria dormir louco feito anjo embriagado e talvez cozinhar alguma coisa como uma macarronada à carbonara no domingo e convidá-la para saborear juntamente com um bom vinho tinto argentino que ele estava guardando. Ele e seus amigos continuavam firmes nas cervejas de dividiam com os pinguços próximos e esses dividiam também as suas bebidas fortes. Quando o álcool começa a pegar o alarido de bar fica mais pronunciado e foi sob essas condições que uma linda ruiva adentrou no estabelecimento e todos os olhares fixaram-se nela que aproximou dele e com um suave beijo em seus lábios entregou-lhe um ramalhete de antúrios...

Geraldo Topera
Enviado por Geraldo Topera em 21/07/2011
Código do texto: T3109671
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