FINAL
O tempo foi passando, o Coronel Geraldo foi envelhecendo, perdendo o pique e quando faleceu o seu patrimônio estava bem reduzido.
Para o Péricles coube por herança uma gleba de terra no sertão do Mato Grosso. Boas terras, mas ainda virgens dependendo de muito trabalho e investimento para tornar-se uma boa fazenda.
Péricles namorava a Dilza, filha de um conhecido industrial de uma cidade vizinha.
Não estava apaixonado por ela, mas, resolveu casar-se esperando que o sogro lhe desse um bom dote para começar a formar sua fazenda.
Mas, por ironia do destino, o sogro estava à beira da falência e também esperava ajuda do genro rico, filho do Coronel Geraldo cuja fortuna era tida como uma das maiores da região.
Afinal, um dia, tudo seria deles e nada mais justo que ele colaborasse agora, que estava precisando.
Como podem ver os dois saíram-se mal e o Péricles com a Dilza, recém-casados, afundaram-se no sertão para começar a vida, praticamente do nada.
Péricles, apesar das dificuldades, sonhava ter uma fazenda tão produtiva quanto fora a do pai e uma família tão grande quanto a dele.
Só que na fazenda do pai ele não tomava conhecimento da broca do café, da peste do gado, do preço do feno, dos problemas com os empregados. O pai resolvia tudo num “passe de mágica”.
O pai sempre dizia “dinheiro dá em árvores, sim, mas é preciso plantar, regar e colher.”.
Só agora ele estava verificando a sabedoria da frase.
Dilza não comungava os sonhos do marido. Não estava interessada em uma bela fazenda, muito menos em uma grande família. Não se conformava com a vida simples do campo e queria a todo custo que Péricles vendesse as terras por qualquer preço para voltarem para a cidade.
- Mas, o que é que eu vou fazer na cidade? Sou um homem da roça.
- Sei lá! Arranja um emprego.
Todos os dias a mesma discussão. Muitas vezes acabavam brigando e passando dias sem falar um com o outro.
Nem o nascimento da Taissa trouxe mais alegria para o casal.
Pelo contrário piorou ainda, pois agora ela reclamava do excesso de trabalho, da falta de conforto, etc.
E foi então que a carta chegou.
Péricles surpreendeu-se. Há muito tempo não recebia uma carta.
Sorriu vendo o endereço CORONEL PÉRICLES! Coronel! Ele era um simples e pobre sitiante!
Surpreendeu-o ainda mais ao verificar o remetente:
Maria Antonieta!
Lembrou-se com saudade da negrinha fogosa, seu amor de adolescente. O rostinho negro com um sorriso bonito, e um olhar penetrante...
As cintadas do pai lhe doeram no corpo e na alma, mas o seu coração encheu-se de ternura ao recordar o episódio, passados tantos anos.
A danadinha aprendeu a escrever, descobriu seu paradeiro e ali estava ele com sua carta na mão, cheio de ansiedade.
“Sinhozinho Pere
Á muito tempo eu queria escrever procê. mas só agora descobri seu endereço.
Fiquei muito vexada quando sube que ocê apanho por minha causa.
Eu é que devia apanhar, pois era uma escrava e não tinha nada que ficar provocando o filho do Sinhô como eu fiz.
Ocê me descurpa.
Eu queria conta procê que tive uma filha que é uma belezura. Eu acho que ela é parecida com ocê, mor de ser sua filha.
Ponhei nela o nome de Leopoldina que é nome de rainha. como o meu. Ocê gosta deste nome?
Eu nunca mais gostei de ninguém. Não achei ninguém como ocê. Fiquei sortera e vivo só com nossa Leopoldina
Descurpe os erro.
Maria Antonieta.”
Péricles ficou perplexo. Uma filha! Nunca a conheceria. Tomara conhecimento de sua existência há poucos instantes, mas já a amava e sofria por não poder tê-la a seu lado.
Se fosse livre não hesitaria em casar-se com a Maria Antonieta. Tinha certeza de que seria muito mais feliz com ela do que com a Dilza.
Mas, estava casado e o casamento para ele era sagrado.
Dobrou lentamente a carta e guardou-a no bolso.
FIM
Aqui termina a saga da família Mesquita.
Agradeço a todos que a prestigiaram com sua leitura e aos que me incentivaram com os comentários,
Vocês são uns amores!
Até a próxima!
O tempo foi passando, o Coronel Geraldo foi envelhecendo, perdendo o pique e quando faleceu o seu patrimônio estava bem reduzido.
Para o Péricles coube por herança uma gleba de terra no sertão do Mato Grosso. Boas terras, mas ainda virgens dependendo de muito trabalho e investimento para tornar-se uma boa fazenda.
Péricles namorava a Dilza, filha de um conhecido industrial de uma cidade vizinha.
Não estava apaixonado por ela, mas, resolveu casar-se esperando que o sogro lhe desse um bom dote para começar a formar sua fazenda.
Mas, por ironia do destino, o sogro estava à beira da falência e também esperava ajuda do genro rico, filho do Coronel Geraldo cuja fortuna era tida como uma das maiores da região.
Afinal, um dia, tudo seria deles e nada mais justo que ele colaborasse agora, que estava precisando.
Como podem ver os dois saíram-se mal e o Péricles com a Dilza, recém-casados, afundaram-se no sertão para começar a vida, praticamente do nada.
Péricles, apesar das dificuldades, sonhava ter uma fazenda tão produtiva quanto fora a do pai e uma família tão grande quanto a dele.
Só que na fazenda do pai ele não tomava conhecimento da broca do café, da peste do gado, do preço do feno, dos problemas com os empregados. O pai resolvia tudo num “passe de mágica”.
O pai sempre dizia “dinheiro dá em árvores, sim, mas é preciso plantar, regar e colher.”.
Só agora ele estava verificando a sabedoria da frase.
Dilza não comungava os sonhos do marido. Não estava interessada em uma bela fazenda, muito menos em uma grande família. Não se conformava com a vida simples do campo e queria a todo custo que Péricles vendesse as terras por qualquer preço para voltarem para a cidade.
- Mas, o que é que eu vou fazer na cidade? Sou um homem da roça.
- Sei lá! Arranja um emprego.
Todos os dias a mesma discussão. Muitas vezes acabavam brigando e passando dias sem falar um com o outro.
Nem o nascimento da Taissa trouxe mais alegria para o casal.
Pelo contrário piorou ainda, pois agora ela reclamava do excesso de trabalho, da falta de conforto, etc.
E foi então que a carta chegou.
Péricles surpreendeu-se. Há muito tempo não recebia uma carta.
Sorriu vendo o endereço CORONEL PÉRICLES! Coronel! Ele era um simples e pobre sitiante!
Surpreendeu-o ainda mais ao verificar o remetente:
Maria Antonieta!
Lembrou-se com saudade da negrinha fogosa, seu amor de adolescente. O rostinho negro com um sorriso bonito, e um olhar penetrante...
As cintadas do pai lhe doeram no corpo e na alma, mas o seu coração encheu-se de ternura ao recordar o episódio, passados tantos anos.
A danadinha aprendeu a escrever, descobriu seu paradeiro e ali estava ele com sua carta na mão, cheio de ansiedade.
“Sinhozinho Pere
Á muito tempo eu queria escrever procê. mas só agora descobri seu endereço.
Fiquei muito vexada quando sube que ocê apanho por minha causa.
Eu é que devia apanhar, pois era uma escrava e não tinha nada que ficar provocando o filho do Sinhô como eu fiz.
Ocê me descurpa.
Eu queria conta procê que tive uma filha que é uma belezura. Eu acho que ela é parecida com ocê, mor de ser sua filha.
Ponhei nela o nome de Leopoldina que é nome de rainha. como o meu. Ocê gosta deste nome?
Eu nunca mais gostei de ninguém. Não achei ninguém como ocê. Fiquei sortera e vivo só com nossa Leopoldina
Descurpe os erro.
Maria Antonieta.”
Péricles ficou perplexo. Uma filha! Nunca a conheceria. Tomara conhecimento de sua existência há poucos instantes, mas já a amava e sofria por não poder tê-la a seu lado.
Se fosse livre não hesitaria em casar-se com a Maria Antonieta. Tinha certeza de que seria muito mais feliz com ela do que com a Dilza.
Mas, estava casado e o casamento para ele era sagrado.
Dobrou lentamente a carta e guardou-a no bolso.
FIM
Aqui termina a saga da família Mesquita.
Agradeço a todos que a prestigiaram com sua leitura e aos que me incentivaram com os comentários,
Vocês são uns amores!
Até a próxima!