O GAY MAIS LINDO DA ESCOLA

Ele era o colírio dos meus olhos e minha paixão platônica. Eu tinha 15 anos e estava apaixonada pelo Gustavo desde a primeira vez que o vi, no pátio da escola. Aluno novo, o pai militar havia sido transferido para minha cidade. Resultado: o Gustavo chegou e abalou o coração de muitas garotas como eu. Em pouco tempo, ele se transformou no cara mais popular da escola. Um fenômeno. Mas, infelizmente, saí em desvantagem. Nunca mereci um único olhar dele. Indiferença. Era isto o que o Guto me oferecia.

Mesmo assim jamais desisti dele e também não revelei meu segredo nem para minhas amigas mais íntimas. Eu não era bonita. O único cara que namorei foi um tal de Rodrigo e nosso namoro durou exata uma semana. Não deu nem para aprender a beijar direito. Minha esperança era o Gustavo. Eu desejava que ele fosse meu professor de tudo, especialmente nas artes do amor.

Loiro, alto, olhos verdes. Gustavo era o "muso" da escola. Ele era uns dois mais velho que eu, e isto era bastante para que eu o considerasse um homão. Meus sonhos eram todos dedicados a ele, eu estando dormindo ou acordada.

Um dia, porém, aconteceu uma situação esquisita. Eu e minhas primas estávamos no cinema, juntamente com meu irmão mais velho, esolhido especialmente para nos escoltar. De repente, surtamos. O Guto estava na bilheteria, com um amigo, comprando ingressos para o mesmo filme. Loucura total. Rimos baixinhos, nos cutucamos, fizemos caras, bocas e poses. Tudo em vão. O Gustavo passou reto por nós. Além de decepcionadas, ainda tivemos que escutar uma pérola do meu irmão:

- Este aí é o maior boiola.

Quisemos bater nele. Gustavo boiola? Impossível! Bem, o fato é que aquela frase não saiu da minha cabeça. Cheguei a sonhar e me acordar no meio da noite, injuriada. Segunda-feira segui para a escola disposta a reparar melhor no comportamento do Guto. Para mim, não existia cara mais macho do que ele. E ponto final.

Passei a reparar coisas estranhas. Gustavo passava a maior parte do tempo com os amigos. Seus namoros duravam menos de uma semana. E de um dia para o outro surgiram boatos de que ele realmente era gay.

Não me importei. E Gustavo também não, levando a vida dele normalmente. Gay ou não, eu o desejava do mesmo jeito. Era só ele me querer. No entanto, Gustavo nunca me quis. Menos de um mês depois, ele foi fazer um intercâmbio em Londres, acompanhado de um... amigo. Os boatos explodiram de vez, como se fossem verdades absolutas. As ex-namoradas saíram da toca para dizer que Gustavo nunca se interessara por elas e que o namoro era praticamente de fachada. Ele mal as beijava direito. Fiquei tão decepcionada que quase entrei em depressão. Será que era pior que o Rodrigo, meu ex-namorado. Era possível.

Esta foi a minha primeira desilusão amorosa. Outras vieram depois, com uma intensidade bem maior e dolorosa. Mas nunca esqueci a beleza do Gustavo. Ah, se um dia ele me quisesse...

Patrícia da Fonseca
Enviado por Patrícia da Fonseca em 19/08/2011
Reeditado em 21/08/2011
Código do texto: T3169915