O CINEMA 


        Um dos divertimentos do nosso povo era o cinema. Nos cinemas de curta duração, pertencentes ao Sr. Artur, na rua Dr. João Pessoa, e a Assis Nobilino na Avenida Santos Dumont, a criançada vibrava com os personagens famosos dos filmes do gênero faroeste ou se deliciavam com os cômicos: O Gordo e o Magro, Carlitos ou Jerry Lewis.
As tabuletas, espalhadas pelas esquinas das ruas com o cartaz do filme do dia, atraíam a atenção das crianças e dos adultos, e despertava o desejo de ver a fita que seria apresentada à noite. 

       Era gostoso assistir ao filme, comendo amendoim torrado ou pipocas, chupando bom-bom ou mascando chicletes. 

       Ambos fecharam. Mais tarde, teríamos um cinema de duração estável, o Cine Alvorada, sonho e fruto de uma sociedade de comerciantes, fazendeiros, profissionais liberais, enfim, de alguns filhos da terra, que reconheceram a necessidade deste lazer cultural para o nosso povo. 

       Tivemos também, algum tempo depois, o Cine Paroquial de iniciativa do Padre Dermival. 

      No Cine Alvorada, com suas cortinas vermelhas, com gongo e sirene, assistimos a muitos filmes brasileiros, com os inesquecíveis Mazarope, Grande Otelo, Costinha, Carequinha e Fred, Virginia Lane, Dercy Gonçalves, Eva Vilma, Eliane e tantos outros astros e estrelas de muita grandeza. 

       O cinema era também o lugar ideal para paquerar ou namorar mais sossegadamente, longe dos olhares indiscretos. 

        Todos se vestiam elegantemente, como era o costume da nossa gente.
O ambiente era mágico, encantador, sobretudo quando o filme retratava histórias como: E o vento levou... ou Os cavaleiros da Távola Redonda. 

         Estes dois também morreram, deixando conosco apenas a saudade. 

         Com a queda do Cine Alvorada numa tarde, após a matinê, se foram junto com os escombros os sonhos dos amantes da sétima arte.