A MENINA DE CABELOS ENCARACOLADOS E O INSTINTO MATERNO...

Na tarde de hoje, 22/09/11, como sempre, fiz uma salutar sesta, tanto que sonhei como se fosse noite de sono profundo. O que chamou a minha atenção, foi um sonho.

Quase uma premonição.

'Em um lugar onde havia muitas pessoas enfileiradas, não lembro pra quê, eu falava com muitas delas e até consegui, sem muito esforço, o que queria . Era uma espécie de inscrição.

Diante de tanta gente, fiquei circulando pelo prédio. Lembro-me visivelmente que, de uma janela, olhava para baixo e enxergava uma área de muito verde. Surpreendi-me com uma ave, grande e bela, feito um pavão. Ao lado dessa ave encontrava-se uma menina loira, de cabelos claros e encaracolados, segurando uma linda boneca.

Nesse ínterim , acordei.

Levantei-me e procurei administrar o sonho.

Depois de mais ou menos uma hora, ao abrir os portões para receber meu genro, que vinha pegar minha neta, que, por sinal, dormia comigo, avistei um pobre casal (pedinte).

A mulher, mesmo desgastada e um pouco suja, demonstrava uma certa feminilidade, dada a comprida e larga saia que usava. Pelo visto tinha sido doada por alguém, pois era de tecido e costura perfeitos.

Para completar a cena, trazia uma menina de dois anos escanchada no quadril direito. Evidentemente esperei que eles se aproximassem. De longe notei que queriam algum obséquio da minha parte.

Dito e feito.

Pediram-me um lençolzinho velho.

Quero salientar que no meu nordeste querido tá fazendo um frio gostoso, à noite. Gostoso, (vírgula. Para quem tem condições de se agasalhar!)

Pedi que esperassem um pouco. Não me inspiraram medo. Vi em seus olhos, unicamente carência.

Fui ao guarda-roupa, peguei um lençol, e algo similar. A mulher recebeu com muita alegria nos olhos e muito agradecida, me sorriu!

Esqueci de dizer que esse casal trazia numa carrocinha de ferro, várias sacolas plásticas, contendo, unicamente pão. (pão mesmo, de padaria). As pessoas sempre pensam que quando um pobre pede pão, refere-se unicamente a esse alimento. Infelizmente.

'Sempre fui desligada'.

Quando perguntei ao pai, o que aquela criança comia, respondeu-me:

Essa, mama, mas aquela, come tudo que se dá.

_ Aquela?... qual?

_ Aquela que está dormindo na carroça...

'Aí meu coração doeu'!

Então compreendi quem tem o direito e o dever de reclamar.

Fiquei estarrecida com o que vi!

Uma menina de 5 anos, branquinha, cabelos encaracolados, dormindo feito um anjo, com uma boneca (doada) no peito, exercendo a infantil maternidade, ladeada por pacotes de pão, sabe Deus de quantos dias dormidos!

'Meu Deus! Era a menina do sonho!!!

Fui à cozinha, peguei um pacote de leite entreguei ao pai, e pedi que não deixasse aqueles anjos passar fome.

Depois exigi que o pai não deixasse aquele “anjo” dormindo numa carroça quente, exposta às maldades humanas, inclusive, poderiam roubá-la.

Sabe o que ele me respondeu?

_ Deus me livre. Minhas filhas são minha maior riqueza!

'Dedução'

Ele tem outras riquezas. Menores, mas tem!

E nós outros, sempre reclamando!i!

Obs.:

Esse conto é verdadeiro, e o sonho também!

Geneci Almeida

22/09/11

Geneci Almeida
Enviado por Geneci Almeida em 22/09/2011
Reeditado em 22/09/2011
Código do texto: T3235194
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.