A última página do diário

Hoje não me sinto legal. Sinto um aperto na garganta e muita, mas muita vontade de chorar. Sei lá, cara... Bateu uma neura esquisita, uma vontade de chorar...

Deve ser porque o cara me avisou que não me fia mais nada. Estou devendo muito. Disse a ele que vou pagar, mas não teve jeito. Procurei qualquer coisa aqui em casa, mas tá tudo malocado. Não deixam nada a mostra. O pessoal me olha desconfiado. Ninguém fala. Só olha.

Ai!!! que dor esquisita. Uma pontada no peito. Coisa esquisita cara! minha boca tá sequinha. Já não sinto fome há tempos. Não sei há quantas noites não prego os olhos. O papo é só viagem. E mesmo sem grana, os parceiros me dão a parada. Hoje foi assim, cheirei tudo que tinha direito. Tô feliz! Feliz? Sinceramente? Não sei. Minha mãe morreu. Dizem que foi desgosto. Meu pai só chora... e olha que ele já pagou muita coisa que deixei na conta da boca. Hoje, ele só chora. A galera da família não me chama pra mais nada. Os amigos de antigamente, não me ligam e não procuram há muito tempo.

Ai!!! De novo a pontada! Estou me sentindo esquisito...

Pô cara, só tenho dezessete... Tenho que curtir e assim faço.

Foi a onda que a turma me ensinou.

Ai! pô, tô ficando preocupado.

O que é isso na minha camisa? O quê? Sangue!?

Ai.... Acho que..............................

Depoimento encontrado num diário, ao lado de um morto vitima de overdose.