NUNCA É TARDE! - Capítulo IV

CARO(A) LEITOR(A), ESTE CONTO É ESCRITO EM CAPÍTULOS. PARA ENTENDER A HISTÓRIA, SUGIRO A LEITURA DOS TRÊS CAPÍTULOS ANTERIORES. UM ABRAÇO. MARIA LÚCIA.

Eu não sei porque o mundo é cheio de diferenças. Se fosse tudo igual seria sem graça, mas poderia ser mais ou menos equilibrado. Vejo tanta gente passando necessidade e ao mesmo tempo pessoas que nem sabem direito avaliar a fortuna.

Quando eu era criança e adolescente não havia tanta pobreza como há hoje. Mas eu sozinha não poderei consertar o mundo.

Quando eu tinha quinze anos, que já era uma moça perfeita fisicamente, o amor bateu à porta do meu coração. Conheci um rapaz que freqüentava um dos estabelecimentos comerciais de mamãe, o qual eu estava sempre por ali com mamãe, ajudando às vezes no caixa.

Ronaldo comprou e foi pagar no meu caixa. Quando entregou-me o dinheiro sem querer pegou em minha mão. Eu senti algo tão estranho que nem sei descrever. Meu coração disparou, fiquei toda descontrolada, deixei o dinheiro cair, passei-lhe o troco errado, enfim, quase desmaiei. Ele então, creio que sentiu a mesma coisa e disse:

- Senhorita, você errou o troco a meu favor, mas será nova oportunidade de tocar nessa mão, que parece ser feita de seda, tão macia, que faz a gente ter vontade de tocar novamente.

Fiquei com o rosto queimando de vergonha e de emoção!

Voltei ao mercado todos os dias na esperança de vê-lo novamente, mas foi inútil, por dez dias não apareceu.

Numa tarde bem fria, estava no portão de nossa casa vendo o movimento, sentada num banquinho junto ao portão, quando uma voz me fez ouvir:

- Como está senhorita? Seria possível dar-me uns minutos de sua atenção?

Era ele, o moço do troco errado!

- Pois não!

- Mas, você não é a moça do mercado da esquina? - falou meio surpreso.

- Sim, sou eu mesma.

- Que bom reencontrá-la, todos os dias pela manhã passo por lá, na tentativa de revê-la.

- Então é isso que não o vejo, de manhã eu estudo. Sempre vou pra lá à tarde.

- Conversamos e não sabemos que somos. Eu sou Ronaldo. Seu criado!

- Muito prazer, Ronaldo, eu me chamo Francisca.

Conversamos sobre muita coisa. Convidei-o para entrar, mas ele não quis, mas ficou de voltar logo.

Senti que estava começando a me envolver com alguém amorosamente, não o tirava mais da cabeça. Era moreno, bem moreno, estatura mediana, cabelos pretos e lisos, olhos castanhos escuros e um sorriso! Que igual jamais vi.

Contei para mamãe, tentando me aproximar intimamente, pois já era uma moça e no meu entender a mãe deve ser a melhor amiga dos filhos, principalmente das filhas.

Mamãe reagiu de uma maneira super áspera e me tornou mais distante.

Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles
Enviado por Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles em 21/12/2006
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