A espera pela hora certa
Era exatamente oito horas e trinta e cinco minutos do dia vinte e dois de fevereiro de um mil novecentos e noventa e sete, quando estava Procópio à beira da morte. Estirado em uma maca do hospital Xirio Bananês, assistiam à cena, sua mãe, seu pai, uma junta médica, com seus respectivos enfermeiros. Todos estavam atônitos, uma vez que, pela gravidade dos fatos, a situação era complicadíssima para Procópio.
As horas pareciam não passar, os familiares, todos à sua volta, estavam aos prantos, não havia nenhum ser vivente que não se comovia ao adentrar aquele hospital e presenciar tão doloroso quadro. Quando a assistente veio à sala de espera, com o laudo e a biópsia do paciente, esperavam todos que assistiam, aos prantos e ranger de dentes, enquanto Procópio se contorcia todo na maca.
Parecendo que Procópio esperava pelo pior, com os braços levantados como se fosse em uma "oração do pai nosso", gemia lastimavelmente. Chegando a assistente ao quarto em que se encontrava o médico, estendeu a sua mão e entregou a papelada ao cirugião chefe da equipe.
Que situação, que dor, que ilusão, ao ler o que tinha acontecido, Procópio lembrou-se do que havia esquecido, ao ficar na maca estarrecido. Todos que ouviram, veram, mas não creram no que sucedera naquela ultima sexta feira, daqueles que momentos de horror viveram. Nada mais a declarar, os vivos resolveram orar para alma de Procópio em paz poder descansar.