Desfazendo.

É tarde e as coisas saem de controle, e nada há que possa fazer pra solucionar, um sentimento de vazio, de uma tremenda impotência, um nada mesmo, como é difícil vivenciar situações alheia à nossa vontade, ou ver coisas ruindo, desabando, sem ao menos poder modificar, é como que fugindo da confortável habitualidade, e nem sequer sabemos pra que direção estão indo, só que estão, estão indo embora, estão tornando mais desconfortável o viver de alguns, porquê tem que desabar ?, porquê construir algo sobre os escombros dos outros? Pessoas destroem outras, as vezes olhando somente para os seus próprios umbigos, pouco se lixando para o resto das coisas, pouco se lixando há quantos estão ferindo, magoando, distanciando, separando mesmo, sei lá pra que rumos encaminhando?

É como ver as coisas de ponta cabeça, é como vestir uma roupa do avesso, é como ver apagar pouco a pouco o brilho nos olhares, é como não saber o que dizer, ou ainda que as palavras de nada iriam adiantar!? Resta só o olhar, o olhar triste, mudo, incompreendido no rosto de uma criança, a desesperança ao ver o que achava um porto seguro ruindo, a falta de chão pra pisar, o não saber mais aonde ficar, com quem ficar? Antes tudo era lógico, presumível, tudo fazia sentido, agora tudo parece fora de lugar, nem sei se há mais vontade de estudar, de continuar, de buscar algo, objetivos aos quais se apegar, razões pra continuar, e afinal continuar pra quê? Pra ver tudo desabar, tudo acabar, tudo que parecia sólido desmanchar e entre os dedos das mãos escorregar, feito areia a derramar, feito lágrimas a rolar até um rio se formar?!... Não, não eram necessárias palavras pra entender o que se passava na cabecinha daquela criança que outrora alegre brincava e que agora triste nuvem cobria aquele olhar, um princípio de agressividade no olhar, na voz denotava que novos e incertos rumos aquela e outras vidas iriam trilhar!....